A luta para conquistar direitos não foi e não será fácil. Apenas como ilustração da insensibilidade dos patrões, quando o Governo Arthur Bernardes decidiu sancionar a Lei de Férias de 15 dias, instituída por meio do Decreto do Poder Legislativo – PDL 4.982/1925, as associações empresariais paulistas (embrião da Fiesp) reagiram, enviando ao presidente da República, em 1926, um memorial para convencê-lo a revogar a lei, no qual afirmavam:
“Ele não tem o culto do lar, como ocorre nos países de padrão de vida elevado. Para nosso proletariado, para o geral de nosso povo, o lar é um acampamento - sem conforto e sem doçura. O lar não pode prendê-lo e ele procurará matar as suas longas horas de inação nas ruas. A rua provoca com frequência o desabrochar de vícios latentes e não vamos insistir nos perigos que ela representa para o trabalhador inativo, inculto, presa fácil dos instintos subalternos que sempre dormem na alma humana, mas que o trabalho jamais desperta!”
(Luiz Werneck Vianna, pág. 80).
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Diante disso você alguma vez já se perguntou para que serve e o que faz o movimento sindical?
O movimento sindical, como instrumento de defesa dos direitos e interesses da coletividade, em geral, e da classe trabalhadora, em particular, foi uma das conquistas do processo civilizatório, de um lado porque objetiva promover uma melhor distribuição de renda, combatendo a desigualdade social, dentro do regime democrático no sistema capitalista, e, de outro, porque reconhece a existência do conflito e permite a sua solução de forma negociada, mediante regras e procedimentos quase sempre protegidos por lei, que agora o governo EMPRESARIAL e ENTREGUISTA do Temer quer acabar, com a sua reforma trabalhista prevista na PEC 300/2016, para pagar a fatura àqueles que o ajudaram a dar o Golpe.
Também não é uma invenção brasileira. Nasceu na Inglaterra, país considerado o “berço do capitalismo”. No Brasil, surgiu de fato e de direito após a abolição da escravidão (1888) e a proclamação da República em 1889. Foi obra dos anarquistas o despertar para as vantagens do associativismo que a Constituição da Primeira República (de 24 de fevereiro de 1891) e as sucessivas asseguraram. Agora sofre a grave ameaça de ser em que pese o trocadilho, ABOLIDA.
Embora o questionamento do empresariado embrião da atual FIESP possa parecer absurdo na atualidade, o pensamento continua em pauta: FLEXIBILIZAR as relações de trabalho, RASGAR a CLT e ENGANAR o trabalhador com o discurso de que o país precisa se desenvolver e sair da crise. Crise que os empresários (de todos os setores) e banqueiros criaram ao longo do tempo, sonegando impostos, mascarando patrimônio e escondendo dinheiro nos paraísos fiscais, cujo montante ainda não foi repatriado. Muito pelo contrário. Pelo feito, a maioria recebeu como benefício o perdão e/ou amortização da dívida do valor sonegado. Em resumo: O pato não é seu. Mas, com certeza, se não se mexer, só lhe restará pagar pelo PATO. Como? Além de ter que esperar noventa anos para conquistar o direto à aposentadoria, deverá trabalhar 44 + 4 horas por semana. Isso se você conseguir permanecer empregado ou a morte não lhe catar antes.
Então, diante de tudo isso você ainda está curioso para saber para que serve o movimento sindical, ou vai continuar achando que sindicato só serve para fazer bagunça e não tem compromisso com o Brasil? Lembre-se: Ajudar a criminalizar os movimentos sociais só colaborará com os patrões e governos de caráter neoliberal, cuja essência ideológica é a exclusão social, a concentração de renda e retiradas de diretos dos trabalhadores. Este é o caso do governo Temer.
Mas, se você quer mesmo conhecer a história do movimento sindical e entender a importância dos sindicatos eu te dou uma mãozinha.
O Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar elaborou uma Cartilha muito interessante sobre o tema. Você pode acessar aqui.
Boa leitura e boa reflexão.