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Retrato do artista quando coisa

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A maior riqueza do homem é sua incompletude.

Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como sou
- eu não aceito.

Não aguento ser apenas um sujeito que abre
portas, que puxa válvulas, que olha o relógio, 
que compra pão
às 6 da tarde, que vai
lá fora, que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.

Perdoai
Mas eu
preciso ser Outros.

Eu penso
renovar o homem
usando borboletas.

(Manoel de Barros)

O que é o amor? Uma seleção de frases sobre o assunto. Escolha a sua

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Escolha a sua.

Kurt Vonnegut, que era levemente extremista em relação ao amor mas também possuía certa dose de irreverência quanto ao assunto, em Sirens of Titan:

          - A finalidade da vida humana, não importa quem está controlando isso, é amar quem está por perto para ser amado.

Anais Nïn, especialista em matéria de amor, em A Literate Passion: Letters of Anaïs Nin & Henry Miller:

          - O amor não é nada além da aceitação do outro, o que quer que ele seja.

Stendhal em seu fantástico tratado sobre o amor de 1822:

          - O amor é como a febre: Nasce e passa sem a menor intervenção da vontade. Não há limite de idade para o amor.

C.S. Lewis, um homem muito sábio, em The Four Loves:

         - Não existe investimento seguro. Amar é ser vulnerável. Ame qualquer coisa e seu coração certamente se retorcerá e possivelmente será partido. Se você quiser conservá-lo intacto, não o dê a ninguém, nem mesmo a um animal. Mantenha-o cercado apenas por passatempos e pequenos luxos; evite todo tipo de emaranhamento; tranque-o cuidadosamente no túmulo do seu egoísmo. Mas nesse túmulo – seguro, sombrio, imóvel, abafado – seu coração mudará. Ele não poderá ser partido; será inquebrável, impenetrável, irredimível. A alternativa à tragédia, ou ao perigo de tragédia, é a danação. O único lugar além do Paraíso onde você pode se manter longe dos perigos e das perturbações do amor é o Inferno.

Lemony Snicket em Horseradish: Bitter Truths You Can’t Avoid:

          - O amor pode mudar uma pessoa como um pai/mãe pode mudar um bebê – de forma estranha e em geral com grande confusão.

O cálculo amoroso de Millôr Fernandes

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Poesia Matemática

Às folhas tantas, do livro matemático
Um Quociente apaixonou-se, um dia, doidamente
por uma Incógnita.

Olhou-a com seu olhar inumerável
e viu-a, do Ápice à Base, uma figura ímpar:
Olhos romboides, boca trapezoide,
corpo octogonal, seios esferoides.

Fez da sua uma vida paralela à dela
até que se encontraram no infinito.

"Quem és tu?", indagou ele em ânsia radical.
"Sou a soma do quadrado dos catetos.
Mas pode me chamar de Hipotenusa."

E de falarem descobriram que eram
(o que em aritmética corresponde a almas irmãs)
Primos entre si.

E assim se amaram, ao quadrado da velocidade da luz
numa sexta potenciação
Traçando ao sabor do momento e da paixão
retas, curvas, círculos e linhas sinoidais,
nos jardins da quarta dimensão.

Odeio a boca que jamais se fecha

1
Em Istambul, que naquele tempo se chamava Constantinopla, Paulo, o Silenciário, concluiu seus quinze poemas de amor. Era o ano de 563.

Esse poeta grego devia seu nome ao trabalho que cumpria. Ele cuidava do silêncio no palácio do imperador Justiniano.

E em seu próprio leito também.

Um dos poemas diz:

Teus peitos contra meu peito,
teus lábios em meus lábios.
O resto é silêncio:
eu odeio a boca que jamais se fecha.

Paulo é mais conhecido por seu hino de louvor à Basílica de Santa Sofia (foto), no qual ele descreve as características da arquitetura e decoração da igreja, após a reconstrução do domo em 562.

*****
Os Filhos dos Dias.

Coração é terra que ninguém vê

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Coração é terra que ninguém vê 

Quis ser um dia, jardineira
de um coração.
Sachei, mondei - nada colhi.
Nasceram espinhos
e nos espinhos me feri. 

Quis ser um dia, jardineira 
de um coração.
Cavei, plantei.
Na terra ingrata
nada criei. 

Semeador da Parábola...

Lancei a boa semente
a gestos largos...
Aves do céu levaram.
Espinhos do chão cobriram.
O resto se perdeu
na terra dura
da ingratidão 

Coração é terra que ninguém vê
- diz o ditado.

Plantei, reguei, nada deu, não.
Terra de lagedo, de pedregulho,
- teu coração. Bati na porta de um coração.
Bati. Bati. Nada escutei.
Casa vazia. Porta fechada,
foi que encontrei...

Cora Coralina

*****
Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas ou Cora Coralina, nasceu na Cidade de Goiás, mais conhecida como Goiás Velho, em 20 de agosto de 1889. Foi  poetisa  e contista. Começou a escrever poemas aos 14 anos, mas só consegui publicar o seu primeiro livro em 1965, aos 76 anos.

Para isso fomos feitos

1
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.

Assim será nossa vida:

Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos
Por isso precisamos velar 
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.

Não há muito o que dizer:

Cantar

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Nas noites cálidas do sul do mundo, tempo de primavera, os grilos chamam as grilas.

Chamam esfregando suas quatro asas.

Essas asas não sabem voar.

Mas sabem cantar.

*****
(Os Filhos dos Dias)


Encontro do Direito com a Poesia

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Crônicas e escritos leves.

O leitor questionador pode logo perguntar. É possível o Direito encontrar-se com a Poesia? Isto não é uma contradição?
 

As leis estabelecem penas que devem ser aplicadas aos que praticam atos proibidos: sanções criminais ou sanções civis. O jurista, servidor da lei, procura estabelecer a ordem e impõe as penas previstas, quando necessárias. Já o poeta avista horizontes, luta por um mundo ideal, bem diferente do mundo real. Na busca do sonho, o poeta afronta a lei, sempre que a lei é empecilho aos avanços sociais.
 

Em muitos casos só se alcança o Direito pelo caminho da transgressão. É o que sempre se viu através da História. Os inconfidentes mineiros opuseram-se à Lei do Quinto. Graças à sua rebeldia, o Brasil conquistou a Independência.
 

É preciso distinguir transgressão violenta e transgressão pacífica. No Brasil de hoje, regido por uma Constituição cidadã, conforme epíteto criado por Ulisses Guimarães, não se pode aprovar a transgressão violenta. A transgressão pacífica, entretanto, deve ser exaltada e aplaudida de pé, como símbolo democrático.

Tem gente que pira e berra...

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Eu já canto pio e silvo...

Vim cantar sobre essa terra, antes de mais nada aviso
Trago facão, paixão crua e bons rocks no arquivo
Tem gente que pira e berra, eu já canto pio e silvo
Se fosse minha essa rua o pé de ipê estava vivo

Pro topo daquela serra, vamos nós dois vídeo e livros
Vou ficar na minha e sua, isso é mais que bom motivo
Gorjearei pela terra para dar e ter alívio
Gorjeando eu fico nua, entre o choro e o riso

Pintassilga, pomba, mélroa, águia lá do paraíso
Passarim, mundo da lua, quando não trino não sirvo
Caso a bela com a fera, canto porque é preciso

Porque essa vida é árdua
E prá não perder o juízo

Vê, nessa manhã tão linda...

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Vê, Estão voltando as Flores

Vê, estão voltando as flores. Vê, nessa manhã tão linda...

Vê, como é bonita a vida. Vê, há esperança, ainda...
Vê, as nuvens vão passando. Vê, um novo céu se abrindo

Vê, o sol iluminando...
Por onde nós vamos indo...
Por onde nós vamos indo...

(Paulo Soledade)

Hoje começa a Estação das Flores...

Vê...



Publicada originalmente em 2012.

A Lua, o Sol e o Condor

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A Lua

No dia 24 de junho, desde que amanhece, é celebrada a Festa do Sol, o Inti Raymi, nos cerrados e nas montanhas dos Andes.
No começo dos tempos, a terra e o céu estavam na escuridão. Só havia noite.
Quando a primeira mulher e o primeiro homem emergiram das águas do lago Titicaca, nasceu o Sol.
O Sol foi inventado por Viracocha, o deus dos deuses, para que a mulher e o homem pudessem se ver.

Black is Beautiful, ou ...

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Homem de cor

-Querido irmão branco:

Quando nasci, era negro.
Quando cresci, era negro.
Quando o sol bate, sou negro.
Quando estou doente, sou negro.
-Enquanto isso, você:
Quando nasce é rosado.
Quando cresceu, foi branco.
Quando o sol bate, você é vermelho.
Quando sente frio, é azul.
Quando sente mede, é verde.
Quando está doente, é amarelo.
Quando morrer, você será cinzento.
Então, qual de nós dois é um homem de cor?

(Léopold Senghor, poeta do Senegal)


Mãe, que a partir de hoje, a família se transforme...

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O Amor
Talvez quem sabe um dia
Por uma alameda do zoológico
Ela também chegará
Ela que também amava os animais
Entrará sorridente assim como está
Na foto sobre a mesa
Ela é tão bonita
Ela é tão bonita que na certa
Eles a ressuscitarão
O Século Trinta vencerá
O coração destroçado já
Pelas mesquinharias
Agora vamos alcançar
Tudo o que não podemos amar na vida
Com o estrelar das noites inumeráveis

Em algum lugar do passado, apenas...

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Pedaços

É ter sem querer
E um querer sem ter

Um claro na noite
E um cinza no claro



Uma distância curta
E uma longa distância

São retas
Curvas
Paralelas

Caminhos pela metade
Na metade do ser

São equações
Inteiros
Frações

São apenas
Pedaços de mim
A procura dos teus
Bom final de semana!
Beth Muniz

Aqueça o seu coração...

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Hoje é o Dia dos Poetas, nos dois gêneros!
Para todos e todas: 
Negros, brancos, índios.
Do Brasil e do mundo. 
Homens e mulhes. 
Famosos.
Desconhecidos da grande mídia, mas com certeza importantes!
Revolucionários, rebeldes e visionários...
Até mesmo os esquematizados...
Do Campo e das Cidades.
Nossos agradecimentos!

O que você prefere ser: O Piruá ou a Pipoca?

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"Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho para sempre. "Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo.Quem não passa pelo fogo, fica do mesmo jeito a vida inteira. São pessoas de Uma mesmice e uma dureza assombrosa. Só que elas não percebem e acham que Seu jeito de ser é o melhor jeito de ser. Mas, de repente, vem o fogo".

Que tal descobrir lendo o texto completo no blog Jornal do Mestre, do amigo Flávio Ribeiro, que é o mais recente parceiro do Travessia. 

E por ter gostado tanto do blog e do texto, resolvi compartilhá-lo com todos vocês.
Espero que também gostem.
Um abraço e bom final de semana!
Beth Muniz

Um dia...

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...Um dia descobrimos que beijar uma pessoa para esquecer outra, é bobagem. 
Você não só não esquece a outra pessoa como pensa muito mais nela... 
Um dia nós percebemos que as mulheres têm instinto "caçador" e fazem qualquer homem sofrer ... 
Um dia descobrimos que se apaixonar é inevitável... 
Um dia percebemos que as melhores provas de amor são as mais simples... 
Um dia percebemos que o comum não nos atrai...

Metade

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Reservei o espaço
Separei em partes iguais
de forma a acomodar
Teu corpo cansado

Revesti de cheiro fresco
e com as cores do amor
Talvez nem percebas
-não tem importância
Te recebi à porta
Te dei meu sorriso e colhi o teu
E então,
Te acolhi em minha cama
Mas não pela Metade
Beth Muniz

Bom final de semana!

Para ler de manhã e à noite...

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E nos finais de semana também...

Aquele a quem amo
Disse-me
Que precisa de mim.

Por isso
Cuido de mim
Olho meu caminho
E receio ser morta 
Por uma só gota de chuva.

(Bertolt Brecht)

Bom final de semana!



A língua

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E a construção poética-amorosa.

"No sinônimo dos meus sentimentos, comecei a minha locução verbal e sai por aí a procurar antônimos nos caminhos por onde andei. Parônimos, homônimos e homógrafos mais que perfeitos encontrei. 

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