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O exercício do Poder
Segundo Rousseau, o poder civil se exerce de duas maneiras: uma legítima, pela autoridade; a outra abusiva, pelas riquezas.
E sua conclusão é, hoje, confirmada pelo que se vê: “Ocorre, então, que o objeto da cobiça se divide:
- Uns aspiram a obter autoridade para vender seu uso aos ricos e, assim, eles próprios se enriquecem; outros, a maioria, buscam diretamente as riquezas, com as quais estão seguros de possuir um dia o poder para comprar tanto a autoridade quanto aqueles que a detêm.
Nada mais atual, gostem uns ou não. Nada mais atual, gostem ou não, quem que agiu de alguma forma apoiar aqueles que hoje exercem o poder e estão atolados de lama até o pescoço.
Deve ser difícil ter que encarar a verdade de frente.
Ou não...
Depende das aspirações dos Uns que ainda não galgaram o exercício do poder.
Aspiração que não necessita pudor, basta ter poder.
Cronica
Sexta-feira, 8 da noite. O Bar Bitúrico estava lotado. Andando entre as mesas podia-se ouvir cantadas fracassadas, mentiras deslavadas, gente xingando o patrão, reclamando da sogra ou discutindo política. Este era o caso de três amigos: Água Benta, Social e Gérson.
Gérson, na verdade, chama-se Redernílson, mas ninguém já nem lembra disso. Ele recebeu esse apelido porque fumava cigarro Vila Rica e vivia repetindo: “Gosto de levar vantagem em tudo, certo?”
Água Benta passou a ser chamado assim quando entrou na igreja para parar de beber. Tornou-se evangélico, mas não largou totalmente a bebida: “Se Deus folgou no sábado, eu posso beber na sexta.”
Quanto a Social, há divergências. Uns dizem que é porque ele foi ascensorista por muito tempo. Outros, porque a única parte que lia dos jornais era a coluna social.
Gérson deu o pontapé inicial: