Aqui em Brasília (não no DF), ainda é possível ir para e escola e comer frutas pelo caminho.
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As cidades e as árvores
Publicado por Beth Muniz
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O programa que mais gosto é caminhar no Jardim Botânico do
Rio de Janeiro, cumprimentando as árvores como se fossem velhas amigas: “Bom
dia, Dona Sumaúma. Como vai, senhorita Mangueira...”
O hábito vem de longe. Minha mãe, arquiteta e paisagista,
sempre conheceu as árvores por seus nomes e sobrenomes e possuía uma imensa
bíblia verde, o Exotica Plants, uma
preciosidade que pesa mais de 5 quilos!
Madame Ceiba Pentandra é a Sumaúma em dia de gala. Mangifera
indica é o nome que a mangueira carrega no passaporte. E alguém duvida que J.
K. Rowling se inspirou em nomes científicos para inventar e nomear suas
bruxarias, seus hocus pocus?
Ah, como eu queria ter aprendido na escola um pouco mais
sobre plantas e origens das frutas, sobre como as Mangueiras vieram da Índia
para o Brasil. Custei a acreditar que a banana tivesse vindo da Ásia! E o
famoso coco-da-bahia, elegantemente chamado de Cocos nucifera, será que veio
boiando de alguma ilha do Pacífico? Ninguém sabe ao certo e as teorias
divergem, mas aposto que os cocos flutuantes, migrando de um lado para outro,
ajudaram marinheiros sedentos a sobreviver!
Outro dia, engarrafada no trânsito, reparei numa corajosa
goiabeira, que exibia pequenos frutos, indiferente à poluição. Que beleza!
Reconhecer aquela árvore alegrou meu dia. Para se relacionar melhor com a natureza não podemos ser
indiferentes às plantas à nossa volta.
Volta e meia imagino uma revolta verde, em que as crianças
pegariam enxadas, quebrariam o excesso de calçadas e plantariam novas árvores,
muitas árvores. Teríamos mais sombra, mais frutos e... Socorro! Já estou me
sentindo o próprio “Reformador da Natureza” escrevendo estas linhas malucas.
Lembram-se da fábula de Américo Pisca-Pisca, contada por
Monteiro Lobato? Américo era um sujeito muito crítico e achava que a natureza
fazia tudo errado: “... Lá está aquela jabuticabeira enorme sustentando frutas
pequeninas e mais adiante vejo uma colossal abóbora presa ao caule de uma
planta rasteira (...) Se as coisas tivessem de ser reorganizadas por mim, eu
trocaria as bolas – punha as jabuticabas na aboboreira e a abóbora na
jabuticabeira”.
Então, Américo se deita para tirar uma soneca debaixo da
jabuticabeira e acorda com uma fruta caindo em sua cabeça! Se fosse uma
abóbora... imaginem o desastre! Claro que jaqueira está aí para contradizer
toda essa história, mas adoro o espírito questionador de Américo Pisca-Pisca.
Se eu fosse brincar de “reformadora das cidades”, colocaria
mais árvores pelo caminho. Já pensou podermos ir para a escola tomando café de
um jeito bem natural, comendo frutas pelo caminho?
Meu sonho seria ter cada vez mais intimidade com as plantas,
mas ainda estou longe de saber de cor a bíblia verde da casa de minha mãe. Nas
escolas, seria tão bom se as crianças pudessem crescer cercadas de árvores,
onde pudessem subir, aventurar-se, colher frutos, fazer geleias. Ou apenas que
pudessem reconhecê-las. Afinal, as árvores que crescem perto de nós podem se
tornar amigas a vida inteira.
Flávia Lins e Silva/Carta Escola.
Aqui em Brasília (não no DF), ainda é possível ir para e escola e comer frutas pelo caminho.
Vez em quando, indo ou vindo do trabalho, eu colho umas mangas, abacates, amoras e jacas diretamente do pé.
2 comentários:
Frutas colhidas no pé sempre trazem a lembrança de nossa infância. Uma delícia que não volta... enfim seria bom mesmo termos mais árvores e irmos colhendo seus frutos pelo caminho.
Bjs Beth
Bom demais né?!
Uma vez, quando eu tinha uns dez anos, colhi uma manga e só larguei o caroço quando já estava branco demais... rsrsrs
Valeu minha amiga.
Beijo.