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HOJE, ONTEM, AMANHÃ
Publicado por Beth Muniz
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Só tem memórias quem viveu.
Seja individualmente, socialmente, afetivamente.
Critica-se muito quem vive lembrando o passado. Desprezam-se os saudosistas. Mas e a famosa lei do eterno retorno?
Li há muitos e muitos anos, que quando a gente fica mais velho, a gente volta pra casa, atribuía-se a Jung - não sei se a fonte está correta. Mas sei que a frase é correta.
Tenho percebido em gerações diferentes esse resgate. Filhos que voltam à casa dos pais, netos que voltam a casa destes que são os seus pais e assim vamos metaforizando nossas voltas, reencontrando nossas raízes, resgatando nossa infância, nossa juventude, nossa casa de dentro, digamos assim.
Creio que isso só pode acontecer quando já queimamos nossas arrogâncias de juventude, nossa sabedoria maior que a de todo mundo, nossa onipotência adolescente de querer inaugurar tudo do nosso jeito, como se fosse o melhor dos jeitos: o mais saudável, o mais sensato, o menos hipócrita.
A vivência vai-nos fazendo enxergar por dentro os seres humanos e, por conseguinte, o todo, o planeta também.
Viver é uma estrada longa.
É como escalar, escalar, respirar com dificuldade e ir, ir, continuar indo... E encontrar depois orquídeas no mato pelo caminho, céu de estrelas que se pode pegar com as mãos, e, ao descer, rios cheios de peixes em que se pode molhar os pés: vida, quase eterna!
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Odonir Araujo de Oliveira
De Barbacena/MG
Para o GGN
1 Comentário:
Que lindo texto! Parece que vamos nos descobrindo em cada palavra, e até parece que vivemos essa história. É mesmo engraçado, o que nos preenchia e nos fazia os donos da verdade é de uma insignificância tão grande que chega a nos fazer pensar que será que eramos nós mesmos? E quando a vida nos dar as cacetadas merecidas é que compreendemos que as raizes é que são valiosas e se pudéssemos começaríamos tudo de novo!
(Meu ponto de vista, claro)
Abraços