Não se sabe ao certo, mas uns dizem que a metáfora do bode na sala vem de uma antiga parábola chinesa. Um sujeito reclama que a sua vida em casa estava um inferno, na mesa faltava comida, todos ali discutiam e todos queriam ter razão. Um amigo sugeriu ao sujeito que colocasse um bode na sala. Mesmo estranhando, seguiu seu conselho e a reação foi imediata.
O bode, além de sujar o local, ainda exalava um cheiro terrível, ou seja, a situação ficou pior ainda. Devido a isso o bode foi retirado e os ânimos na casa nunca estiveram tão bons. O bode causou tanto problema que eles até esqueceram-se dos outros problemas que tinham.
Tudo de acordo com o projeto de lei aprovado ontem no Senado.
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No início de 2015, quando a base de apoio à Dilma Rousseff erodiu, iniciou-se imediatamente uma caça ao petróleo, digna dos pioneiros texanos. "Três craques" saíram na frente tentando perfurar o primeiro poço: o presidente da Câmara Eduardo Cunha e os senadores José Serra e Renan Calheiros.
Serra e Calheiros acabaram se aliando em seus trabalhos pioneiros.
Nas votações de ontem conseguiram a adesão do governo com uma versão muito simples da estratégia do bode na sala.
Consistiu no seguinte.
A Petrobras, de fato, tem problemas imediatos para manter o ritmo de investimentos no pré-sal. Está com um alto grau de endividamento agravado pela queda nos preços do petróleo.
Serra apresentou um projeto que tirava da Petrobras a obrigatoriedade e a preferência de ficar com os 30% de cada exploração. Teve início as negociações, e a base aliada foi convencida de que, dando à Petrobras o direito de preferência, tudo estaria resolvido.