A simples presença nas divisões da utopia pode apaziguar as consciências, mas não muda as peças no tabuleiro da história.
Uma das mais promissoras bandeiras do nosso tempo é a que aponta que outro mundo é possível. É um princípio de esperança, de uma antevisão otimista de futuro, de uma aposta capaz de mover os homens e mulheres em direção a uma vida melhor para todos.
Num tempo em que os valores aparentemente vitoriosos apontam para o aprofundamento da desigualdade, destruição da natureza, consumo como índice de felicidade e enfraquecimento das ações coletivas, o impulso em direção à mudança é uma tarefa ética.
Assim como os antigos gregos propunham que o bem e o belo são a mesma coisa, os novos gregos nos lembram que o bem e o justo precisam estar sempre do mesmo lado. Só o que é bom para todos pode ser proveitoso para cada um.
O sonho que alimenta a vida individual dos milhões de militantes de todos os matizes não sustenta por si só a nova sociedade, a ser feita de justiça social, participação e liberdade. A simples presença nas divisões da utopia pode apaziguar as consciências, mas não muda as peças no tabuleiro da história. É preciso ir adiante. Está na hora de dar carne e vísceras aos projetos de transformação social.
A luta política à esquerda é feita quase sempre de duas ações complementares: a necessidade de compreender o mundo e identificar a raiz de suas relações alienantes e injustas; e a ação consciente para transformar as circunstâncias desumanizantes que comandam a sociedade. É preciso lutar para saber e saber lutar.