De Muhammad Ali.
"Não sei quem foi o maior de todos, mas, certamente, Ali foi o melhor cidadão que já lutou boxe peso-pesado". As palavras são do pugilista George Foreman, declaradas no documentário Champions Forever (1989).
O Documentário revela o respeito que o posicionamento político de Ali contra o racismo nos Estados Unidos provocava nas pessoas. O boxeador lutava há 32 anos contra o mal de Parkinson e morreu nesta sexta-feira (3), no Arizona (EUA)
Além de revolucionar o boxe peso-pesado, o atleta, que convivia com os líderes negros Martin Luther King e Malcon-X. Enfrentou a segregação racial americana em um dos momentos mais agudos.
Em 1967, também alegando motivos religiosos, ele se recusou a legitimar a guerra do Vietnã: “Vietcong nenhum me chama de “nigger” (termo pejorativo comumente usado pelos racistas americanos).
Ali preferiu ficar sem o título, sem os muitos milhões de dólares que teria ganhado, sem o direito de exercer sua profissão - em razão da inacreditável pena de suspensão por tempo indeterminado que recebeu da máfia do pugilismo. Para sobreviver o atleta passou a dar palestras nas universidades.
A recusa resultou no banimento de Ali do boxe por três anos. Além disso, foi sentenciado a cinco anos de prisão e ao pagamento de multa de US$ 10 mil. Aguardando o processo em liberdade, Ali voltou aos ringues em 1970, quando nocauteou o adversário Jerry Quarry. Em 1971, a Suprema Corte dos Estados Unidos retirou as acusações de insubmissão, encerrando o imbróglio judicial.
O nome de nascimento de Ali é Cassius Marcellus Clay Jr, nascido em Louisville, no estado de Kentucky, em 17 de janeiro de 1942. A mudança de nome ocorreu quando ele se converteu ao islamismo.
Ágil, enquanto os atletas do peso-pesado eram grandalhões e lentos, Ali mudou a história da categoria. Foi campeão olímpico em 1960, nos Jogos de Roma. Conquistou o título dos pesos pesados em 64, após vencer Sonny Liston.