Entre a manchete e a nota curta, o noticiário sobre o envolvimento de políticos com o crime organizado que tem no comando “empresários” dos jogos de azar leva o leitor atento a se perguntar como certos personagens do rodapé do noticiário policial acabam no alto das páginas dos jornais.
Por tudo que tem sido noticiado sobre o modus operandi do bicheiro conhecido carinhosamente entre seus parceiros de crime como “Carlinhos Cachoeira”, admira o fato de haver se estabelecido e prosperado tão rapidamente, alcançando tantas supostas cabeças coroadas da República, sem que a chamada grande imprensa se desse conta de sua existência.
Há um aspecto claramente rudimentar em tudo isso: o esquema é tão primário e deixa tantas pistas, que admira não ter sido descoberto pela própria imprensa antes dos vazamentos de gravações feitas pela Polícia Federal.
Uma exceção: o jornal O Popular, das Organizações Jaime Câmara, de Goiânia, vem acompanhando a crescente influência de Carlos Cachoeira na política regional desde 2005, e documentou a extensão de suas atividades até o Distrito Federal. Além disso, suas reportagens sobre corrupção e violência policial no estado de Goiás apresentaram muitos indícios de contaminação da política pela mistura entre criminosos e autoridades, a partir da revelação das atividades de um “esquadrão da morte” formado por policiais militares, com óbvio suporte de políticos e representantes da Justiça.
Sem segredo
Então, o problema da miopia estaria localizado principalmente naqueles veículos de circulação nacional, que só enxergam os problemas regionais quando eles passam a afetar o campo central da República.