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Mostrando postagens com marcador Cultura e Arte - Literatura. Mostrar todas as postagens
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Os padecimentos do ser humano

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O ser humano padece de cinco grandes tentações:

1- O poder;
2- O poder;
3- O poder;
4- O dinheiro;
5- O sexo.

O poder, por mais parco que seja, infla o ego, eleva a autoestima, cria uma imantação que atrai todo tipo de agrados, bajulações e elogios.

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Penso que, mesmo o homem do povo, que não detêm nenhum poder econômico, fica inebriado de prazer, só em pensar na possibilidade poder tê-lo e exercê-lo. E em nome desse ilusão/desilusão, destrói-se o humano. 

E enquanto isso...

O poder dos poderosos continua seguindo o seu curso.

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Fragmentos do livro Calendário do poder.
Frei Betto.












O Feminino e o Negro

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Bibliotecária cria livraria especializada em protagonismo feminino negro.

Loja virtual e itinerante Africanidades, de Ketty Valêncio, amplia acesso à literatura feita por mulheres negras e reúne quase 80 títulos, entre eles, obras de autoras independentes

'Sentia uma angústia por ser mulher negra. Esta angústia foi motivada pela ausência de representatividade negra'


A bibliotecária Ketty Valêncio, que mora na zona norte de São Paulo, decidiu investir em um negócio e numa causa. Ela acaba de lançar a livraria virtual e itinerante Africanidades, especializada em autoras negras. Sua intenção é promover o protagonismo das mulheres negras na literatura mundial. Além de títulos de autoras conhecidas como Angela Davis, Alice Walker, Teresa Cárdena e Edwidge Danticat, a livraria tem obras de escritoras independentes, pouco conhecidas e/ou pouco acessadas.

“A ideia de criar a livraria veio da minha própria história de vida. Sentia uma angústia por ser uma mulher negra. Esta angústia foi motivada pela ausência de representatividade negra em todos os espaços de saberes que circulei, isso sem comentar a diminuição de pessoas afrodescendentes como estudantes no decorrer do tempo. Na escola, não aprendemos a literatura negra de homens ou mulheres. Na faculdade, também não. E a literatura reporta ainda mais a realidade que não aprendemos e colocamos a menina como protagonista da própria história ao ser uma criadora”, afirma Ketty, que também é pesquisadora pós-graduada em gênero e diversidade sexual, com um MBA em Bens Culturais: Cultura, Gestão e Economia.

Entre os quase 80 títulos disponíveis na loja, estão obras de Antonieta de Barros, Bell Hooks, Futhi Ntshingila, Jarid Arraes, Maria Firmina, Noémia de Sousa, Virgínia Bicudo, entre outras autoras. 

Por enquanto, a livraria divide as obras em 11 sessões: Ciências Sociais, feminismo, ficção, não-ficção, obras de referência, quadrinhos, poesia, religião, infanto-juvenil, biografias e artes, tudo voltado à cultura negra.

Para saber como e onde comprar, visite o site Africanidades.

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Da RBA)))

Literatura de cordel: instrumento de formação popular

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Gênero típico do Nordeste contribui para a conscientização política

Wikipedia.

“A poesia de cordel é uma das manifestações mais puras do espírito inventivo, do senso de humor e da capa - cidade crítica do povo brasileiro”. Foi assim que esse ramo literário foi definido por Carlos Drummond de Andrade, um dos mais reconhecidos poetas e cronistas brasileiros do século 20.

Gênero típico do Nordeste brasileiro, a literatura de cordel – batizada pela forma como os folhetos são expostos – é uma herança portuguesa. Sua marca é o registro de relatos orais para serem re - citados. Além da diversão, são também um instrumento de formação política do povo, definem cordelistas.

Um deles é Tarciso Moraes, trabalhador aposentado da Petrobras e poeta de Juazeiro, na Bahia. Para ele, o cordel é uma forma de retratar as agruras do povo nordestino e projetar a sua formação. “O cordel contribuiu muito para a conscientização de nós, nordestinos. Juntando com o sofrimento de tantos anos, contribuiu para hoje a região se sobressair como progressista”.

A obra de Moraes é pautada por temas sociais. Um de seus folhetos, por exemplo, relata o Massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido contra trabalhadores rurais sem-terra em 1996, no Pará. Uma de suas últimas produções é atenta ao clima político atual – “Diretas Já, Lula lá” –, na qual ele critica a condenação do petista pelo juiz de primeira instância Sérgio Moro.

O formato é também assumido por jovens, como a escritora cearense Jarrid Arraes, que lançou em 2017 a obra “Heroínas Negras Brasileiras em 15 Cordéis”. Antonieta de Barros, Carolina de Jesus e Dandara dos Palmares são algumas das celebradas por sua poesia.

“Escrever sobre feminismo e direitos humanos foi algo que me encorajou a escrever de outras formas também, escrever cordel, prosa, poesia e compartilhar com as pessoas. E os temas do machismo e do racismo são muito presentes, porque eu sou uma mulher negra e a minha visão de mundo, minhas experiências, são perpassadas por isso”, explica.

Arraes resume como o cordel pode ser uma ferramenta de crítica da realidade: “Cordel engajado é um tipo de cordel que fala de questões sociais, políticas, de reivindicações, coisas que estão em evidência no momento”.
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Do Brasil de Fato.

Chamem o síndico!

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Ser síndico de prédio é chato, só tem encheção. Eu nem imaginava como alguém podia querer ocupar esse posto, até que ouvi o motivo de um deles: síndico não paga condomínio.

E hoje em dia tem até síndico profissional que ganha pra isso.

Mas em muitos prédios que morei, vi uma característica comum a muitos deles: gostar de ter um certo poder sobre os demais moradores. 

Muitos eram policiais aposentados ou militares da reserva. E quase sempre o síndico conseguia uma certa cumplicidade de porteiros e zeladores, talvez porque se não fossem subservientes ao dito cujo eles podiam perder o emprego. 

Só que, tem porteiro e zelador que gostam de mostrar serviço, fazem mais do que o síndico manda, em termos de sacanear certos moradores e principalmente empregadas. 

- Gostam de exibir autoridade. 

Um amigo meu, o jornalista Zé Alencar, não suportava isso. Brigava direto com síndicos e porteiros autoritários. 

Um dia foi morar num prédio em Niterói e, no sábado de manhã, lá pelas 8 horas, acordou com uma música brega no último volume no apartamento ao lado. 

Ligou para o porteiro, reclamando que não era hora de tocar música daquela altura. O porteiro, puxa-saco, o tratou com desdém: a música vinha do apartamento do síndico e ele seguia todas as normas do prédio:

"Não as matem"

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Homenageado da Flip, Lima Barreto escreveu crônica contra o feminicídio em 1915

O texto "Não as matem" é parte da obra Vida Urbana, uma coletânea do autor publicada em 1953
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São Paulo – "Não há muito tempo, em dias de carnaval, um rapaz atirou sobre a ex-noiva, lá pelas bandas do Estácio, matando-se em seguida. A moça com a bala na espinha, veio morrer, dias após, entre sofrimentos atrozes". Esse trecho é de uma crônica de 1915 escrita por Lima Barreto, o homenageado na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) deste ano, provando que feminicídio não é um problema dos nossos tempos.

Confira a íntegra:

Não as matem

Esse rapaz que, em Deodoro, quis matar a ex-noiva e suicidou-se em seguida, é um sintoma da revivescência de um sentimento que parecia ter morrido no coração dos homens: o domínio, quand même, sobre a mulher.

O caso não é único. Não há muito tempo, em dias de carnaval, um rapaz atirou sobre a ex-noiva, lá pelas bandas do Estácio, matando-se em seguida. A moça com a bala na espinha, veio morrer, dias após, entre sofrimentos atrozes.

Um outro, também, pelo carnaval, ali pelas bandas do ex-futuro Hotel Monumental, que substituiu com montões de pedras o vetusto Convento da Ajuda, alvejou a sua ex-noiva e matou-a.

Todos esses senhores parece que não sabem o que é a vontade dos outros.

A história para crianças que Jorge Luis Borges nunca escreveu

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Jorge Luis Borges inventou uma história infantil. Nunca a escreveu, mas a história sobreviveu ao esquecimento graças à memória de uma das crianças que há 36 anos o ouviu com atenção infantil no apartamento do escritor no centro de Buenos Aires. 

Essa criança é hoje o adulto Matías Alinovi. Estudou física e também é escritor. Por isso foi a pluma por trás do livro O Segredo de Borges, que a Pequeño Editor lançará no fim de abril, durante a Feira do Livro de Buenos Aires. 

Ilustração da história infantil ‘El Secreto de Borges’ de Diego AlterleibIlustração da história infantil ‘El Secreto de Borges’ de Diego Alterleib.

Por Federico Rivas Molina

Diante de uma bandeja de “balas importadas”, Alinovi e seus colegas da 4ª série da escola religiosa San Marón ouviram o segredo da longevidade de Borges, uma história que improvisou na hora para um auditório pouco comum a sua rotina de estrela das letras argentinas. O livro de Alinovi recupera aquele relato oral a partir do olhar de um menino de nove anos, mas é muito mais do que isso.

A primeira coisa que Borges revelou às crianças foi que antes da chegada delas tinha dois medos. “O primeiro era que fôssemos, porque não sabia sobre o que falar com as crianças da 4ª série. Mas o segundo medo, que era mais forte do que o primeiro, era que não fôssemos. Não se entendia bem o que dizia”, escreve Alinovi. A partir daí começou o feitiço.

“Vou contar a vocês como pude viver tantos anos”, disse Borges às crianças que o ouviam sentadas no chão em semicírculo, enquanto “olhava para cima, mas não via, e a cortina atrás da poltrona verde era muito branca e muito bonita por causa da luz do sol”. E o escritor revelou-lhes o segredo das tartarugas que viviam no poço de onde tirava a água que bebia na casa de sua infância, no bairro de Palermo. “Disse que ele, um dia, se pusera a pensar e percebera uma coisa: a água que havia tomado quando era criança não era água, mas água de tartaruga. E como as tartarugas viviam muito, ele tinha vivido muito”, escreve Alinovi no livro, ilustrado em tons negros e verdes por Diego Alterleib. O texto é simples e recupera os bastidores daquele encontro, com detalhes tão ricos quanto a própria história.

Cora Coralina: a mulher de “Todas as vidas”

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POESIA

Nascida na Cidade de Goiás em 20 de agosto de 1889, Cora Coralina, só teve seu primeiro livro publicado aos 76 anos.


Da janela da Casa de Cora Coralina, visitantes veem o Rio Vermelho que corta a cidade de Goiás  - Créditos: Arquivo/ Agência Brasil

“Beco da minha terra…/ Amo tua paisagem triste, ausente e suja / Teu ar sombrio. Tua velha umidade andrajosa / Teu lodo negro, esverdeado, escorregadio / E a réstia de sol que ao meio-dia desce, fugidia, / e semeia polmes dourados no teu lixo pobre, / calçando de ouro a sandália velha, / jogada no teu monturo”.

Parte inicial do poema Becos de Goiás, estes versos publicados em 1975 integram o primeiro livro de Cora Coralina, pseudônimo de Anna Lins dos Guimarães Peixoto Bretas. 

A obra, chamada Poema dos Becos de Goiás e Estórias Mais, já indicava o estilo poético de Coralina, pautado pela vida cotidiana do interior brasileiro, principalmente de seu estado natal. 

Nascida na Cidade de Goiás em 20 de agosto de 1889, Cora Coralina, só teve seu primeiro, portanto, publicado aos 76 anos de idade. Escrevia, porém, desde os 14 anos. 

Doceira de profissão, viveu em São Paulo acompanhando o marido, o advogado Cantídio Tolentino de Figueiredo Bretas. Com a morte de Bretas, passou a vender livros. Instalada no interior do estado, na cidade de Penapólis, começou a produzir e vender linguiças. Em 1956, retorna a Goiás. 

Aos 50 anos, afirma ter passado por um processo de “perda do medo”, no qual assumiu o pseudônimo criado anos antes. 

“Mulher sertaneja, livre turbulenta, cultivadamente rude. Inserida na gleba. Mulher terra. Nos meus reservatórios secretos um vago sentido de analfabetismo”, assim se definiu a própria Cora Coralina. 



A projeção nacional veio com a segunda edição de seu primeiro livro. O poeta Carlos Drummond de Andrade, de posse de um dos volumes, escreve um texto em homenagem a Coralina no Jornal do Brasil. 

Cora Coralina: Venho do século passado. Sou mais doceira e cozinheira

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A primeira matéria sobre Cora Coralina publicada fora do estado de Goiás. A poetisa só se tornou famosa nacionalmente depois que Carlos Drummond de Andrade publicou uma matéria sobre ela no Jornal do Brasil, em 1979.

Os poemas vieram depois da Semana de Arte Moderna, em 1922, quando as rimas passaram a ser dispensáveis. E foi a poesia que a tornou conhecida. Seu primeiro livro, “Poemas dos becos de Goiás e estórias mais”, só foi publicado em 1965, pela José Olympio Editora, tendo custado a ela uma casa que tinha no interior.

Os poemas vieram depois da Semana de Arte Moderna, em 1922, quando as rimas passaram a ser dispensáveis. E foi a poesia que a tornou conhecida. Seu primeiro livro, “Poemas dos becos de Goiás e estórias mais”, só foi publicado em 1965, pela José Olympio Editora, tendo custado a ela uma casa que tinha no interior.

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Venho do século passado.
Pertenço a uma geração
ponte, entre a libertação
dos escravos e o trabalhador livre.
Entre a monarquia
caída e a república
que se instalava.
Todo o ranço do passado era
presente. A brutalidade,
a incompreensão, a ignorância.
Os castigos corporais.
Nas casas. Nas escolas.
Nos quartéis e nas roças.
A criança não tinha vez.
Os adultos eram sádicos
e aplicavam castigos humilhantes.

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... Infelizmente, pouca coisa mudou, embora o Século tenha mudado.
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Fragmento da entrevista com Cora, em 1979, feita por Drummond, e resgatada por Mouzart Benedito, no Blog da Boi Tempo.

Portal bilíngue reúne poesias e poetas da periferia de São Paulo

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ROMPENDO FRONTEIRAS.

Iniciativa inédita: “Becos e Letras” foi lançado ontem (17) com 36 textos de 18 escritoras e escritores das bordas da cidade, traduzidos para o inglês.

"Nóis é ponte e atravessa qualquer rio", diz o verso do poeta Marco Pezão, máxima que se tornou quase um lema de quem se aventura a produzir literatura nas periferias de São Paulo. Desta vez, a fronteira transposta foi a do idioma: a partir de uma parceria com a Universidade de Georgetown, dos Estados Unidos


Com o intuito de expandir ainda mais a diversidade da literatura brasileira contemporânea, o portal Letras e Becos - Literatura das Periferias de São Paulo (Letters and Alleys - Literature from the outskirts of São Paulo) chega à internet com 36 textos e traduções que compõem esta antologia. A seleção é resultado de uma pesquisa da obra de 18 autoras e autores participantes, que colaboraram com dois textos cada entre poemas, contos e crônicas.

O projeto é resultado da iniciativa conjunta do selo independente Elo da Corrente Edições e da produtora Avangi Cultural, em parceria com o professor Vivaldo Santos, que coordenou um grupo de estudantes da Universidade de Georgetown na tradução dos textos.

"Nosso desejo é contribuir com a tradução e difusão da produção literária das periferias de São Paulo para o mundo. O portal foi criado para ser mais um canal de comunicação entre pesquisadores, escritoras e escritores, ampliando a circulação e o acesso a esta autoria, e acreditamos que ele tem potencial para crescer", diz a produtora Amanda Prado, uma das organizadoras do projeto, responsável pela criação do portal.

Os autores que compõe a antologia são Akins Kintê, Alessandro Buzo, Allan da Rosa, Binho, Débora Garcia, Dinha, Elizandra Souza, Fuzzil, Lids Ramos, Marco Pezão, Michel Yakini, Priscila Obaci, Raquel Almeida, Sacolinha, Samanta Biotti, Sonia Bischain, Tula Pilar Ferreira e Walner Danziger.

"A paridade de gênero foi um critério fundamental para esta seleção, pois há uma presença significativa das mulheres no cenário. A escolha dos textos se baseou na 'ginga' entre forma e conteúdo de cada produção, com preferência para obras autorais publicadas", diz o escritor Michel Yakini, que também participou da organização do projeto, na pesquisa e seleção dos textos.

Além das produções literárias, o portal reúne um perfil de cada um dos autores e notícias relacionadas à literatura e ao território. É possível também acompanhar o material pela página do projeto no Facebook.

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Com informações do (((RBA

Uma solidão de Cem Anos completando Cinquenta

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Aos 50, 'Cem Anos de Solidão' terá leitura coletiva na Colômbia. 20 pessoas serão convocadas para leitura coletiva que vai celebrar os 50 anos da obra clássica.

Clássico de García Márquez foi publicado pela primeira vez em 1967, com pequena tiragem. História chegou a 30 milhões de pessoas em 35 idiomas.

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Durante três dias, de 26 a 28 deste mês, 60 pessoas se reunirão em Cartagena das Índias, na Colômbia, para uma leitura coletiva de trechos de Cem Anos de Solidão, o clássico de Gabriel García Márquez, cuja publicação está completando meio século. Vinte serão escolhidas por meio de uma convocação pública.

Os interessados em fazer parte desse grupo, ao lado de escritores convidados, deverão contar aos organizadores qual é sua principal recordação vinculada à leitura do livro do escritor colombiano. A convocação estará aberta a partir da próxima segunda-feira (9) – as consideradas 20 melhores serão selecionadas e anunciadas, no dia 13, no site da Fundação Gabriel García Márquez para o Novo Jornalismo Ibero-americano (FNPI, na sigla em espanhol). 

"Meio século transcorreu desde o dia em que Gabo e Mercedes (Barcha, mulher do escritor) foram ao correio na Cidade do México com um pacote de 590 cuartillas (o equivalente, aqui, a laudas, papéis com espaço definido) escritas em máquina. O destino: Buenos Aires, Argentina; o conteúdo: 'um vallenato de 350 páginas' ou, como se conheceria mais tarde, Cem Anos de Solidão", diz a FNPI – vallenato é um gênero musical popular. A entidade acrescenta que, nesse período, a história de Macondo, a cidade criada por Gabo, e da família Buendía chegou a mais de 30 milhões de pessoas em 35 idiomas.

Organizado pela fundação e pelo Hay Festival, o evento chama-se "O prazer de ler Cem Anos de Solidão", com apoio da Câmara de Comércio de Cartagena e do Ministério das Relações Exteriores da Colômbia. A leitura será feita na Casa do Marquês de Valdehoyos, uma mansão construída em 1765 no centro histórico da cidade, hoje pertencente à Chancelaria, citada na obra de Gabo e usada como cenário em filmes. A leitura integra a programação da 12ª edição do Hay Festival Cartagena das Índias, com eventos de literatura, música, jornalismo, cinema e outros temas.

Nascido em Aracataca, a mais de 200 quilômetros de Cartagena, García Márquez completaria 90 anos em março. Ele morreu em 2014, aos 87. Em 1982, ganhou o Prêmio Nobel de Literatura.

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Esperança

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"Saúdo-te, esperança, tu que vens de longe, inundas com teu canto os tristes corações, tu que dás novas asas aos sonhos mais antigos, tu que nos enches a alma de brancas ilusões.

Saúdo-te, Esperança. Tu forjarás os sonhos naquelas solitárias desenganadas vidas, carentes do possível de um futuro risonho, naquelas que inda sangram as recentes feridas.

Ao teu sopro divino fugirão as dores como tímido bando de ninho despojado, e uma aurora radiante, com suas belas cores, anunciará às almas que o amor é chegado".

Pablo Neruda, poeta chileno

(1904-1973)

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Chile, 1948. A chamada Lei Maldita do governo de Gabriel González Videla está a todo vapor para prender os militantes comunistas. Entre eles, o poeta Prêmio Nobel, Pablo Neruda, que começa a ser perseguido incansavelmente pelo inspetor Óscar Peluchonneau.

Data de lançamento: 15 de dezembro de 2016 (Brasil).

Enciclopédia Latinoamericana ganha versão eletrônica de acesso gratuito

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Conteúdo do livro homônimo foi atualizado e ampliado para virar um portal que apresenta uma visão crítica dos principais temas acerca de todos os países da América Latina e Caribe nos últimos 50 anos.

Obra evidencia as lutas de resistência ao neoliberalismo e de resgate do continente em todas as suas dimensões.

Em 2007, a enciclopédia Latinoamericana (Boitempo Editorial, 1.344 págs.) ganhou o Prêmio Jabuti de Melhor Livro de Não-ficção. A obra, que trata sobre os temas mais importantes de todos os países e territórios da América Latina e Caribe, ganhou neste fim de ano uma versão eletrônica gratuita atualizada e ampliada. O portal Enciclopédia Latinoamericana traz mais de mil verbetes e é voltado a estudantes, professores, pesquisadores e ao público em geral.

O objetivo é democratizar o acesso ao conteúdo de um material rico que, originalmente, tem a participação de mais de 120 autores, muitos deles considerados alguns dos maiores pensadores latinoamericanos, como Eduardo Galeano, por exemplo. Segundo Ivana Jinkings, diretora editorial da Boitempo, a obra é importante por apresentar “a luta de resistência ao neoliberalismo e de resgate do continente com todas as suas dimensões históricas e culturais, políticas, econômicas e sociais”. 

“A edição impressa A Latinoamericana é uma obra única, que reflete a diversidade da região e se tornou instrumento fundamental de autoconhecimento e de divulgação do nosso continente. 

Apresenta uma visão geral, a partir de múltiplos pontos de vista, porém resguardando a riqueza de abordagens e os estilos de seus mais de cem autores. A edição impressa, publicada em capa dura é, no entanto, bastante custosa. Um livro com essas proporções (tem mais de mil páginas), só é viável economicamente em grandes tiragens. Por isso buscamos apoio para criar o portal e dessa forma democratizar a totalidade dos verbetes que tratam dos fenômenos políticos, econômicos, educacionais, sociais, ambientais, étnicos, culturais, artísticos, midiáticos, científicos, tecnológicos e esportivos, com diferentes enfoques teóricos e metodológicos. Em um momento delicado da vida nacional (e, aliás, não apenas nacional), dispor o impressionante conteúdo da Latinoamericana ao público, de forma aberta, é muito significativo e nos deixa com o sentimento de dever cumprido”, afirma Ivana, que também é coordenadora do livro impresso, junto de Emir Sader, Carlos Eduardo Martins e Rodrigo Nobile.

Sobre a humildade de ser grande

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Estou com estas palavras ecoando na cabeça há dias, mas só agora consegui sentar e escrever sobre elas. 

"Me desculpe, me desculpe, eu errei. Podemos começar de novo? Estou muito nervosa, emocionada".

Foram ditas por Patti Smith durante a cerimônia do Nobel, onde representou Bob Dylan, premiado neste ano e que não pode comparecer por conta de compromissos já agendados. 

Neste final de ano, além das comuns emoções à flor da pele, por aqui sempre relacionadas com ciclos e movimentos naturais, intensificados pelo ano que chega e pelo meu ciclo individual - aniversario em Dezembro, pra completar a catarse! - encontrar um ícone deste tamanho, representando outro ícone daquele tamanho, errando, pedindo desculpas e solicitando um recomeço é de movimentar camadas e, então, profiro a mim mesma palavras idênticas, fazendo de Patti Smith uma metáfora para queles que têm coragem de, frente a um evento importante, errando, ter a humildade de pedir desculpas e começar de novo. 

- Quantas e quantas vezes forem permitidas. 

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Matê da Luz, no GGN, O Jornal de todos Brasis




Peço o seu Voto para quem Faz Diferença

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Não, não é para mim.

É para ela: Conceição Evaristo!

Porque ela FAZ DIFERENÇA.

Mulher, negra e de origem humilde, a escritora mineira Conceição Evaristo venceu uma série de dificuldades ao longo de sua vida para construir uma sólida carreira literária, que coleciona prêmios e publicações no exterior. 

Em 2016, ano em que completa 70 anos, a autora lançou o livro de contos “Histórias de leves enganos e parecenças” e chamou atenção na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) ao criticar a ausência de escritores negros na programação principal do evento.

Se você deseja saber o tamanho dessa diferença dê um pulinho nos Olhos D'Água da Conceição. Siga por aqui...

Agora, ela está concorrendo ao Prêmio Faz Diferença na Categoria Prosa. 


Valeu!





Mãe, qual é a cor tão úmida de seus olhos?

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Uma noite, há anos, acordei bruscamente e uma estranha pergunta explodiu de minha boca. De que cor eram os olhos de minha mãe? Atordoada custei reconhecer o quarto da nova casa em que estava morando e não conseguia me lembrar de como havia chegado até ali. E a insistente pergunta, martelando, martelando. De que cor eram os olhos de minha mãe? Aquela indagação havia surgido há dias, há meses, posso dizer. Entre um afazer e outro, eu me pegava pensando de que cor seriam os olhos de minha mãe. E o que a princípio tinha sido um mero pensamento interrogativo, naquela noite se transformou em uma dolorosa pergunta carregada de um tom acusatório. Então, eu não sabia de que cor eram os olhos de minha mãe?

Sendo a primeira de sete filhas, desde cedo, busquei dar conta de minhas próprias dificuldades, cresci rápido, passando por uma breve adolescência. Sempre ao lado de minha mãe aprendi conhecê-la. Decifrava o seu silêncio nas horas de dificuldades, como também sabia reconhecer em seus gestos, prenúncios de possíveis alegrias. Naquele momento, entretanto, me descobria cheia de culpa, por não recordar de que cor seriam os seus olhos. Eu achava tudo muito estranho, pois me lembrava nitidamente de vários detalhes do corpo dela. Da unha encravada do dedo mindinho do pé esquerdo… Da verruga que se perdia no meio da cabeleira crespa e bela. Um dia, brincando de pentear boneca, alegria que a mãe nos dava quando, deixando por uns momentos o lava-lava, o passa-passa das roupagens alheias e se tornava uma grande boneca negra para as filhas, descobrimos uma bolinha escondida bem no couro cabeludo ela. Pensamos que fosse carrapato. A mãe cochilava e uma de minhas irmãs aflita, querendo livrar a boneca-mãe daquele padecer, puxou rápido o bichinho. A mãe e nós rimos e rimos e rimos de nosso engano. A mãe riu tanto das lágrimas escorrerem. Mas, de que cor eram os olhos dela?

Eu me lembrava também de algumas histórias da infância de minha mãe.

Ela havia nascido em um lugar perdido no interior de Minas. Ali, as crianças andavam nuas até bem grandinhas. As meninas, assim que os seios começavam a brotar, ganhavam roupas antes dos meninos. Às vezes, as histórias da infância de minha mãe confundiam-se com as de minha própria infância. Lembro-me de que muitas vezes, quando a mãe cozinhava, da panela subia cheiro algum. Era como se cozinhasse ali, apenas o nosso desesperado desejo de alimento. As labaredas, sob a água solitária que fervia na panela cheia de fome, pareciam debochar do vazio do nosso estômago, ignorando nossas bocas infantis em que as línguas brincavam a salivar sonho de comida. E era justamente nos dias de parco ou nenhum alimento que ela mais brincava com as filhas. Nessas ocasiões a brincadeira preferida era aquela em que a mãe era a Senhora, a Rainha. Ela se assentava em seu trono, um pequeno banquinho de madeira. Felizes, colhíamos flores cultivadas em um pequeno pedaço de terra que circundava o nosso barraco. As flores eram depois solenemente distribuídas por seus cabelos, braços e colo. E diante dela fazíamos reverências à Senhora. Postávamos deitadas no chão e batíamos cabeça para a Rainha. Nós, princesas, em volta dela, cantávamos, dançávamos, sorríamos. A mãe só ria de uma maneira triste e com um sorriso molhado… Mas de que cor eram os olhos de minha mãe? Eu sabia, desde aquela época, que a mãe inventava esse e outros jogos para distrair a nossa fome. E a nossa fome se distraía.

Manual inútil da televisão e outros bichos curiosos

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Jornal GGN - Paulo Henrique Amorim, jornalista, blogueiro e apresentador de TV, lança na próxima terça-feira (22), em São Paulo, seu novo livro, intitulado “Manual inútil da televisão e outros bichos curiosos”.

O livro traz histórias que o jornalista reuniu ao longo de sua carreira, com episódios envolvendo personagens como Tom Jobim, Lula, Roberto Marinho, Marilyn Monroe, Dilma Rousseff, Collor, Galvão Bueno, Princesa Diana, Fidel Castro, Cid Moreira e William Bonner, entre outros. 

No ano passado, Paulo Henrique Amorim lançou o livro “O Quarto Poder”, que aborda a história dos meios de comunicação no Brasil, desde o período Vargas, passando pela ditadura militar, até a redemocratização e o período atual.


Não venhas!

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Carolina Noémia Abranches de Sousa. 

Conta a lenda, verdadeira, que ela só precisou escrever 46 poemas para tornar-se reconhecidamente a “mãe dos poetas moçambicanos".

Noémia de Sousa colaborou com “O Brado Africano”, jornal da resistência, durante três anos, de 1948 a 1951; do esforço nasceu inspiração para a densa poesia. Nunca mais versejou.

A mulher incansável que cresceu em um ambiente de reivindicação, que militava de dia e distribuía panfletos à noite com João Mendes, que escrevera cartas subversivas, que redigira artigos cortados pela Censura, que conspirava, não escapou a um processo que a condenou à prisão.

Refugiou-se em Lisboa com a “geração da utopia” sondando as independências. Circulou com a nata da intelectualidade africana em Portugal até ser perseguida pela ditadura e optar por novo exílio, desta vez na França.

Com uma filha às costas, Virginia Soares (Gina), saltou a fronteira, galgou os Pirinéus e alcançou a liberdade. Estava casada, desde 1962, com o poeta Gualter Soares.

Nunca deixou a vida a levar como quisesse, lutou muito. Em 1973 retornou a Portugal, para ocupar uma vaga de trabalho na Reuters. Não sabia que a Revolução estava batendo à porta, com cravos.

Trinta e três anos depois de deixar Moçambique, retornou à casa materna. Foi um reencontro inundado em lágrimas, tudo faltava no país naqueles anos 1980. Dedicou um verso àsua fé no futuro:
“Um dia o sol inundará a vida e será como uma nova infância raiando para todos”.

Noémia de Sousa, contam os íntimos, fazia feijoada e sarau de Carlos Drummond de Andrade, em uma brasileirice que adotou com gosto.

Finalmente seus poemas, reunidos no livro “Sangue Negro”, chegam ao Brasil em belíssima edição da Kapulana Editora, com ilustração de Mariana Fujisawa, que, além de letras na USP, estudou na Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo, Moçambique, em 2014. Ilustrou livros da série “Vozes da África”, da Editora Kapulana.

O perturbador do sono de Deus

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A última viagem de Colombo.

Em 1992, a República Dominicana terminou de erguer o farol mais descomunal do mundo, tão alto que suas luzes perturbavam o sono de Deus.

O farol foi erguido em homenagem a Cristóvão Colombo, o almirante que inaugurou o turismo europeu no mar do Caribe.

As vésperas da cerimônia, as cinzas de Colombo foram levadas da catedral de São Domingos até o mausoléu construído ao pé do farol.

Enquanto acontecia a mudança das cinzas, faleceu de morte súbita Emma Balaguer, que havia dirigido as obras, e despencou o palco onde o papa de Roma daria a bênção.

Alguns malpensantes confirmaram, assim, que Colombo dá azar...

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Eduardo Galeano,

Os Filhos dos Dias.

A ideia é de a literatura iluminar o mundo, nem que seja o nosso pequeno mundo

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Luis Fernando Verissimo.

"Matei' tanto alemão e japonês enquanto brincava que o pai me levou ao médico. Acho que por isso sou pacifista até hoje".

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Com mais de 70 livros publicados, entre romances, novelas, crônicas, contos e cartuns, o escritor, cronista, jornalista, desenhista, saxofonista, torcedor fanático do Internacional de Porto Alegre e filho de Érico Verissimo (1905-1975) Luis Fernando Verissimo completou 80 anos em 26 de setembro. 

"O escritor tem de acender uma luz na escuridão, que é a própria dualidade humana""O escritor tem de acender uma luz na escuridão, que é a própria dualidade humana" O aniversário coincidiu com o lançamento de As Gêmeas de Moscou (Companhia das Letrinhas), que conta a história das irmãs Olga e Tatiana, idênticas na aparência e no gosto pelo balé. Mais talentosa, porém arrogante, Olga vive um episódio marcante que vai mudar seu jeito de ser.

Outro lançamento é Verissimas (Editora Objetiva), antologia de frases de obras de Verissimo garimpadas pelo publicitário e jornalista Marcelo Dunlop. "Essa é mais uma coisa que acontece comigo sem minha iniciativa. Nem vi ainda as frases que ele selecionou. Se não gostarem, reclamem com o Marcelo", diz, com seu jeito tímido carregado de humor. "A vida foi acontecendo. Por isso não tenho nenhum plano para os próximos 80 anos. A minha grande vocação, mesmo, é para me aposentar. É sério. Acho que se eu parasse de escrever, não faria falta."

Sua carreira é dedicada a retratar situações nem sempre engraçadas que fazem o leitor rir. Como quando fala da morte ou das "DRs" entre casais. "Discutir a relação é tema que interessa. Um dos protótipos que temos à mão; encontros, desencontros, bem aproveitados." Não é por acaso que figura entre os autores brasileiros mais lidos no mundo, apreciado por leitores de todas as idades, até mesmo do público que ele agora brinda com as Gêmeas. "Nunca escrevi um livro especificamente para o público infantil. É difícil escrever para criança, acertar o ponto entre ser acessível sem ser condescendente."

Brecht: O Tempo de desordem

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Aos que vierem depois de nós

Realmente, vivemos muito sombrios!
A inocência é loucura. Uma fronte sem rugas
denota insensibilidade. Aquele que ri
ainda não recebeu a terrível notícia
que está para chegar. 

Que tempos são estes, em que
é quase um delito
falar de coisas inocentes.
Pois implica silenciar tantos horrores!
Esse que cruza tranquilamente a rua
não poderá jamais ser encontrado
pelos amigos que precisam de ajuda?

É certo: ganho o meu pão ainda,
Mas acreditai-me: é pura casualidade.
Nada do que faço justifica
que eu possa comer até fartar-me.
Por enquanto as coisas me correm bem
(se a sorte me abandonar estou perdido).
E dizem-me: "Bebe, come! Alegra-te, pois tens o quê!"

Mas como posso comer e beber,
se ao faminto arrebato o que como,
se o copo de água falta ao sedento?
E todavia continuo comendo e bebendo.

Também gostaria de ser um sábio.
Os livros antigos nos falam da sabedoria:
é quedar-se afastado das lutas do mundo
e, sem temores,
deixar correr o breve tempo. Mas
evitar a violência,
retribuir o mal com o bem,
não satisfazer os desejos, antes esquecê-los
é o que chamam sabedoria.
E eu não posso fazê-lo. Realmente,
vivemos tempos sombrios.

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