Menu Principal

Mostrando postagens com marcador Comissão da Verdade. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Comissão da Verdade. Mostrar todas as postagens

"Uma Coisinha à toa"... Apenas Um Batismo de Sangue

0
2- Batismo de Sangue.

Baseado em fatos reais, o filme conta a participação de frades dominicanos na luta clandestina contra a ditadura militar, no final dos anos 60. Movidos por ideais cristãos, eles decidem apoiar a luta armada. O roteiro é uma adaptação do livro de Frei Betto, vencedor do prêmio Jabuti.


*****


31  de março de 1964, a data que iniciou no Brasil uma época em que os militares ficaram no poder, de forma ditatorial, durante 21 anos. O período é conhecido por historiadores como a “era do chumbo”.

Com a eleição de Jair Bolsonaro, há uma tentativa de desqualificar o golpe de 64, recriando ficcionalmente a história e transformando o período em revolução para salvar o país do comunismo.

Bolsonaro chegou a dar uma entrevista dizendo que não tivemos uma ditadura, apenas um período com alguns “probleminhas”.

Para não esquecermos o que significou esse período, para lembrarmos os mais de 400 mortos, listamos 16 filmes essenciais para se entender o período.


*****

Não dá para fingir que "essas coisinhas" não aconteceram...

0
E mais: Que não devem se  repetir!

Holocausto indígena nos anos de chumbo

Segundo a Comissão Nacional da Verdade (CNV),  8.300 índios foram mortos no Brasil no período da ditadura militar.



“Registro encontrado em arquivos militares de indígenas Suruí acorrentados por uma expedição militar. Estes indígenas terminaram se tornando “desaparecidos” assim como tantos outros ao longo de todo o regime militar que se instalou no país entre as décadas de 60 e 80.

Numa data em que recordamos o golpe que desencadeou esta escalada de matanças contra os povos originários, vemos muitas denúncias dos assassinatos e torturas sofridas pelos presos políticos durante período dos embates entre as forças de segurança e grupos guerrilheiros. Porém pouco ou quase nada se fala do holocausto de milhares de indígenas neste mesmo período. Foram aldeias e até etnias inteiras exterminadas sob o rolo compressor do “progresso”.

Afinal qual a diferença entre os dois casos? Além do holocausto indígena ter alcançado um número de vítimas 20 vezes maior que o dos mortos na luta armada, é apenas a continuação de um processo de genocídio que já durava séculos e já alcançou proporções muito mais devastadoras em outras épocas. Também que o holocausto indígena não foi uma guerra, mas um massacre.

E o que eles tem em comum? 

Bom, primeiramente que são todas vidas humanas e merecem o mesmo respeito e consideração. E também são todos vítimas de crimes políticos. Os indígenas não se sublevaram contra o regime militar, mas as nossas simples existências por si só representam um ato político. Uma resistência e ameaça àquele regime e a qualquer outro que sustente esta ordem colonial de exploração e destruição”.


*****
por Jornalistas Livres, 31 março, 2019.

Dom Paulo Evaristo Arns, o cardeal da democracia

0
“Não matarás. Quem matar, se entrega a si próprio nas mãos do Senhor da História e não será apenas maldito na memória dos homens, mas também no julgamento de Deus!”.

Estas palavras fortes foram pronunciadas na Catedral da Sé, em São Paulo, em 31 de outubro de 1975, durante o culto ecumênico em memória do jornalista Vladimir Herzog.

Seu autor, o cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, é usualmente um homem doce, afável e calmo mas, naquele momento, sua indignação estava no auge. Contra a ditadura militar, contra a repressão que torturava e matava, contra o desrespeito a todos os direitos humanos representado pela ação bárbara da ditadura e seus agentes.

Foi perseguido por essa luta. Em outubro de 1973, indignado com a tortura, realizou uma Semana dos Direitos Humanos em São Paulo. Imprimiu 150 mil cópias da Declaração Universal dos Direitos do Homem, da ONU, da qual o Brasil é signatário, para debate nas paróquias e comunidades eclesiais de base.

- A resposta da ditadura foi rápida – mandou fechar a rádio 9 de Julho, da Cúria Metropolitana de São Paulo, para calar sua voz.

Mais tarde, entre 1979 e 1985 – com o pastor Jaime Wright - foi um dos animadores do projeto Brasil: Nunca Mais, que resultou num grande e corajoso livro de denúncia dos crimes da ditadura. O trabalho foi feito sob sigilo, e copiou mais de um milhão de páginas de processos do Superior Tribunal Militar (STM), levadas ao exterior por segurança.

Paulo Evaristo Arns, o menino de Forquilha que se tornou a maior autoridade católica de São Paulo, é também o símbolo imorredouro da luta do povo pela democracia e pela justiça social. É nessa condição que mora no coração de todos os democratas!

*****
Trechos do artigo publicado no Portal Vermelho. O artigo completo pode ser lido aqui.

Viva Margarida!

0
Armandinho
"É melhor morrer na luta do que morrer de fome".

Com um tiro de escopeta no rosto, Margarida Maria Alves foi assassinada diante de sua casa, em Alagoa Grande (PB), no final da tarde de 12 de agosto de 1983. Seu nome e sua história inspiraram a Marcha das Margaridas, que foi criada em 2000. Ontem (6), a Comissão de Anistia, do Ministério da Justiça, aprovou pedido de reparação em nome da trabalhadora rural e sindicalista, que se tornou anistiada política post-mortem.

"Três meses antes de morrer na frente do marido e do filho, em um discurso de comemoração pelo 1° de Maio (Dia do Trabalhador), ela disse que 'é melhor morrer na luta do que morrer de fome', frase que inspira até hoje a Marcha das Margaridas", publicou em rede social, o secretário-executivo do Instituto de Políticas Públicas em Direitos Humanos do Mercosul, Paulo Abrão. "Com isso, prestamos esta homenagem a Margarida”.

Primeira mulher a presidir o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, Margarida ficou conhecida pela busca de reconhecimento dos direitos do homem do campo e pela denúncia de abusos por parte dos fazendeiros da região. No mesmo discurso de 1º de Maio, ela já havia alertado que recebia ameaças de morte.

Pedido de reparação à líder sindical e trabalhadora rural foi aprovado ontem.

*****
Fonte: RBA)))


Censura em Cena: Quarto de Empregada

0
Projeto faz leitura e analisa peças proibidas pela censura.

Quarto de Empregada, escrita em 1958 pelo jornalista e psiquiatra Roberto Freire (sem qualquer relação com o político homônimo), é a peça que será lida e discutida na próximo sábado (21), como parte do projeto Censura em Cena, coordenado pelo Observatório de Comunicação, Liberdade de Expressão e Censura, da Escola de Comunicações e Arte da Universidade de São Paulo (ECA-USP).

No total, 12 peças proibidas fazem parte da iniciativa.


Segundo os coordenadores do projeto, os textos integram o arquivo Miroel Silveira, mantido pela ECA. São 6.137 processos relativos à censura abertos de 1930 e 1970 pelo Departamento de Diversões Públicas do Estado de São Paulo. Esse acervo vem sendo estudado por um grupo de pesquisa do Observatório desde 2002, sob coordenação da professora Maria Cristina Castilho Costa.

A peça de Roberto Freire é a quinta a ser apresentada. Já foram feitos estudos e leituras dramáticas de A Semente (1961), de Gianfrancesco Guarnieri; Sortilégio (1951), de Abdias do Nascimento; Fundo do Poço (1950), de Helena Silveira; e Perdoa-me por me Traíres (1957), de Nelson Rodrigues. Outras sete, de autores como Plínio Marcos, Augusto Boal, Cassandra Rios e Dias Gomes, serão incluídas na programação até maio do ano que vem.

"Na análise do processo de censura, procura-se entender com profundidade as razões das interdições e a repercussão que tiveram na sociedade quando foram liberadas e estrearam", afirmam os organizadores do projeto. A leitura e do próximo sábado será realizada no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc, que faz parceria com o Observatório, na Rua Doutor Plínio Barreto, 285, 4º andar, na Bela Vista, região central de São Paulo. A inscrição, gratuita, deve ser feita até sexta-feira (20) pelo site.

*****
Do RBA)))

O homem de chapéu Coco e a Pimentinha

3
Chaplin, o Bêbado, a Equilibrista e o irmão de Henfil

*****

- O Chapéu Coco

Triste com o falecimento de Charlie Chaplin, João Bosco compôs uma  melodia em sua homenagem e chamou Aldir Blanc, seu parceiro, para colocar a letra.

Aldir, então, resolveu mesmo em plena ditadura militar (1964-1985), rimar Brasil com irmão do Henfil - o Betinho, que se encontrava exilado.

O sociólogo Betinho,  ativista pelos direitos humanos, foi cruelmente perseguido pelos militares e se exilou no México. Ele era irmão do genial cartunista Henrique de Souza, o Henfil.

 - O “Mano”

Henfil foi apresentado ao compositor Aldir Blanc por sua amiga, a cantora Elis Regina, no verão de 1975, iniciando assim uma longa amizade. Nas conversas, Henfil costumava encher os ouvidos do amigo com suas memórias do "mano" Betinho, exilado desde 1971.

Roberto Carlos: o Cara do ditador Pinochet

1
E garoto propaganda da Rede Globo, até hoje.

“Naturalmente no puedo dejar de decir, gracias, muchas gracias senõr presidente. Muchas gracias Dom Augusto Pinochet”.

(Roberto Carlos)

*****
Documentos da ditadura revelam nomes de colaboradores do regime no meio artístico. São citados Roberto Carlos, Agnaldo Timóteo, Wanderley Cardoso, Simonal, Rosemary, entre outros.

Durante a ditadura militar no Brasil, alguns artistas viraram colaboradores do regime – seja por simpatizarem com os governos militares ou por pura covardia – passando informações sobre o que acontecia no meio artístico e participando de atos realizados nos quartéis.

No documento em anexo produzido pelo Centro de Informações do Exército (CIE), classificado como informe interno e confidencial, o CIE reclama que alguns veículos intitulados pelos militares de “imprensa marrom” (tal qual O Pasquim) estariam fazendo campanhas contra alguns artistas amigos e colaboradores da ditadura. O informe difundido para outros órgãos da repressão política sugere que esses artistas “amigos da ditadura” sejam blindados, protegidos.



Enquanto isso...

Chico, Vandré, Elke, Caetano, Gil, Milton e tantos outros eram perseguidos pelo regime militar que assolou o Continente..

Arquivo Nacional abre inscrições para o Programa Memória do Mundo da Unesco

0
Já estão abertas e vai até o dia 21 de setembro,  no Arquivo Nacional, as inscrições de candidaturas ao Registro Nacional do Brasil do Programa Memória do Mundo da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).

Serão aceitos documentos ou conjuntos de documentos, de natureza arquivística ou bibliográfica, tanto textuais (manuscritos ou impressos), audiovisuais (filmes, vídeos ou registros sonoros), iconográficos (fotografias, gravuras ou desenhos) ou cartográficos, desde que custodiados em território nacional e sejam relevantes para a memória coletiva da sociedade brasileira.

Na lista de acervos brasileiros já reconhecidos pelo Programa Memória do Mundo estão incluídos documentos da Lei Áurea, os Autos da Devassa da Inconfidência Mineira, o Diário de Viagens do Imperador Dom Pedro II, os manuscritos musicais de Carlos Gomes e o clássico filme Limite.

As diretrizes do Programa Memória do Mundo da Unesco e o edital 2013 estão disponíveis no site do Arquivo Nacional.

As candidaturas devem ser postadas até 21 de setembro para a Divisão de Protocolo e Arquivo do Arquivo Nacional, no seguinte endereço:

Praça da República, 173 – Centro – Rio de Janeiro-RJ CEP 20.211-350.

Site:

A memória que me contam

0
Sala de espera.

Esse era o título original do filme de Lúcia Murat, diretora de Que Bom Te Ver Viva, que deverá entrar em cartaz, em Goiânia, em julho ou agosto. A realizadora optou, porém, por A memória que me contam. A produção cinematográfica tem no elenco Simone Spoladore, Irene Ravache e Franco Nero. Ex-guerrilheira, Ana, interpretada por Simone Spoladore, é o elo entre um grupo de ex-revolucionários que lutou contra a ditadura civil e militar no Brasil (1964-1985). Ela está em fase terminal em um quarto de hospital. Os seus amigos encontram-se na sala de espera. Entre eles, Irene (Irene Ravache), cineasta, que ainda "elabora" a prisão do marido Paolo (Franco Nero), acusado de matar duas pessoas em um atentado na Itália. 
O filme é inspirado na vida de Vera Silvia Magalhães, estudante que integrou a Dissidência da Guanabara, depois MR-8, que participou da captura do embaixador dos EUA no Brasil, em 1969, Charles Burke Elbrick, foi presa, torturada, ficou com 37 quilos, acabou trocada por um diplomata alemão, viveu no exílio e morreu em 2007. Quem relata a  sua história é o historiador Daniel Aarão Reis Filho, hoje na Rússia, de onde falou com exclusividade ao Diário da Manhã sobre os anos de chumbo. Leia a íntegra da entrevista:

DM - Lúcia Murat dedica o filme a Vera Silvia Magalhães: quem foi ela?

Daniel Aarão Reis Filho - Vera foi uma grande mulher e uma grande revolucionária. Suas propostas revolucionárias, ao contrário da grande maioria de seus companheiros/companheiras, não se esgotavam na dimensão política, mas alcançavam também a esfera dos costumes, das relações pessoais. A rigor, o movimento revolucionário no Brasil dos anos 60, em contraste com que o aconteceu em alguns países da Europa e, sobretudo, nos EUA, não se caracterizava por um questionamento às tradições da "vida privada", ou seja, o complexo mundo das relações pessoais. Foi nesta esfera que Vera Silvia incursionava, quebrando tabus e concitando os/as companheir@s a pensar revolucionariamente suas vidas afetivas. Esta atitude, que a caracterizou até o fim de seus dias, suscitou muita incompreensão. Há muita gente que tenta esconder ou ocultar, ou não valorizar devidamente, esta dimensão da vida política da Vera, o que prejudica a compreensão de sua trajetória.

DM - Vera Magalhães era da Dissidência da Guanabara? O que era a DG?

Daniel Aarão Reis Filho - A Dissidência da Guanabara/DI-GB, a organização mais charmosa da esquerda revolucionária brasileira, surgiu no movimento estudantil do então Estado da Guanabara (desaparecido com a fusão com o "velho" Estado do Rio de Janeiro, um ato imposto pela ditadura nos anos 1970). 

Luis Fernando Verissimo: Fiesp e empresários, por motivos diferentes, foram coniventes

2
Luis Fernando Verissimo pede punição aos convenientes com a tortura

-Luis Fernando Veríssimo: “Pode-se punir militares torturadores, mas o papel conivente da Oban e da Fiesp permanecerá esquecido no passado”. 

-A analogia só é falha porque não há comparação entre o empresário que goza vendo tortura ou julga estar salvando a pátria com sua cumplicidade na repressão selvagem e o empresário que quer apenas fazer bons negócios e se submete ao esquema de corrupção vigente. Mas a impunidade é comparável: o Collor foi derrubado, o P. C. Farias foi assassinado, mas nunca se ficou sabendo o nome dos empresários que participaram do esquema.

-O escritor gaúcho Luis Fernando Veríssimo pede, em artigo publicado no jornal O Globo na quinta-feira (28), punição a quem foi conivente com a tortura praticada durante a ditadura militar. E não apenas nesse episódio, mas também no esquema montado por PC Farias para canalizar todos os negócios com o governo através de sua firma, o que acabou derrubando o ex-presidente Fernando Collor. 

-Nos dois casos, o mesmo silêncio do empresariado. A analogia, diz Veríssimo, só é falha porque não se compara empresários que gozam vendo tortura e os que querem apenas fazer bons negócios, se submetendo ao esquema de corrupção vigente. 

Saudade da Panair, ou...

2

Comissão Nacional da Verdade investiga perseguição que levou à falência da Panair do Brasil

As causas que levaram à falência da companhia aérea Panair do Brasil, ocorrida em 1965, foram examinadas no dia 23, durante audiência pública da Comissão Nacional da Verdade, que se reuniu pela manhã no teatro Maison de France, no Centro do Rio.

O objetivo da audiência foi colher dados, depoimentos e documentos sobre a empresa que, no entender dos promotores, foi prejudicada pelo regime militar de 1964. O caso vai integrar o relatório da Comissão da Verdade, a ser entregue em maio de 2014 à presidenta Dilma Roussef.

Participam da audiência o coordenador da Comissão Nacional da Verdade, Paulo Sérgio Pinheiro, a coordenadora do grupo de trabalho Golpe de 64, Rosa Cardoso, o representante do Arquivo Nacional Jaime Antunes e o presidente da Comissão da Verdade do Rio de Janeiro, Wadih Damous. Também estava na reunião Rodolfo da Rocha Miranda, atual presidente da Panair do Brasil.

A Panair do Brasil tinha capital 100% nacional. A empresa perdeu a licença para voar em 10 de fevereiro de 1965, tendo sido extinta pelas autoridades da época. Foi reabilitada em 1995 e tem como empregados hoje três advogados, que movem três ações indenizatórias.

****
A companhia aérea ficou imortalizada na bela música de Milton Nascimento, cujo título original é Conversando no bar.

Agência Brasil

Militares ordenaram silêncio sobre tortura de Paiva

1
Rubens
Já que torturaram, agora deveriam no mínimo, assumir  institucionalmente, as crueldades praticadas "em nome do povo". 
(Beth Muniz) 

"O ataque particular à OAB devia-se principalmente a um pedido de  esclarecimentos sobre a situação dos presos políticos, feita em novembro de 1975". 

A Comissão da Verdade revelou na segunda-feira (05) que o governo militar determinou a todos os agentes públicos no Brasil e no exterior, a partir de 1972, que não atendessem a nenhum pedido de esclarecimento de organizações nacionais e internacionais sobre mortos e desaparecidos em consequência da repressão. A determinação foi feita por escrito: saiu do gabinete do presidente da República, general Emílio Garrastazu Médici, e foi assinada pelo secretário-geral do Conselho de Segurança Nacional, o também general João Baptista de Oliveira Figueiredo, que viria a ser o último presidente do regime anos depois.

O ato foi uma reação específica às ações da Anistia Internacional, que vinha denunciando e cobrando esclarecimentos sobre violações de direitos humanos, como torturas, desaparecimentos e assassinatos de opositores. O documento se tornou uma espécie de orientação geral que vigorou ainda no governo posterior, do general Ernesto Geisel.

Soledad, a Neta.

2
Soledad, executada
A neta de Rafael Barrett, costumava recordar uma frase do avô:

- Se o Bem não existe, é preciso inventá-lo.

Rafael, paraguaio por escolha própria, revolucionário por vocação, passou mais tempo na cadeia que em casa, e morreu no exílio.

A neta foi crivada de balas no Brasil, no dia de hoje de 1973.

O cabo Anselmo, marinheiro insurgente, chefe “revolucionário” foi quem a entregou.
Cansado de ser perdedor, arrependido de tudo o que acreditava e gostava, ele delatou um por um seus companheiros de luta contra a ditadura militar brasileira, e os despachou para o suplício ou matadouro.

Soledad que era sua mulher, ele deixou para o fim.

Anselmo, hoje, vivo
O cabo Anselmo apontou o lugar onde ela se escondia e foi-se embora.
Já estava no aeroporto quando ouviram-se os primeiros tiros.

Do livro Os Filhos dos Dias.

Ninguém me contou: eu assisti, com olhos e ouvidos bem abertos

1
Aos poucos eles vão deixando as catacumbas e porões da repressão, com as informações. Vão abrindo a boca e contando a verdade. O motivo? Consciência pesada, no mínimo. "Não existe dor que doa mais, do que a dor de consciência, me segredou uma vez um militar torturador..."

Em entrevista à Globonews, Paulo Egydio Martins, governador de São Paulo entre 1975 e 1979 afirmou que suicídio do jornalista Vladmir Herzog foi maquiado e que, de fato, ele foi assassinado dentro das dependências do II Exército, na rua Tutóia, em São Paulo. Paulo Egydio Martins também afirmou que está disposto a depor à Comissão da Verdade.

É a primeira vez que uma autoridade da época admite o assassinato, indo de encontro a versão oficial do regime, segundo a qual Herzog havia sido "encontrado enforcado com o cinto de sua própria roupa". 

Paulo Egydio Martins disse que solicitou ao serviço de inteligência do Estado o levantamento da ficha do jornalista e, dias depois, recebeu um “nada consta” como resposta. A resposta teria sido repassada ao então Secretário de Cultura, porém foi insuficiente para evitar a tragédia. “Após esse incidente, houve a determinação dele comparecer ao DOI-CODI, onde acabou assassinado”, disse o ex-governador. 

Outros dois jornalistas presos com Herzog, George Benigno Duque Estrada e Rodolfo Konder, já haviam confirmado que o depoimento aconteceu sob tortura.

Segundo Paulo Egydio, ele avisou pessoalmente o então ditador, Ernesto Geisel, do erro cometido com Herzog. O ex-governador também disse ter presenciado o ditador exonerar o comandante do II Exército, Ednardo D`Ávila Melo. Geisel teria dito: “Não vou admitir que fatos como esses que ocorreram aqui no II Exército se repitam. Quero que você saiba que vou tomar medidas. Você vai tomar conhecimento pelo seu ministro do Exército e pelo Diário Oficial. Vou tornar isso um decreto: proibir que alguém seja preso antes de uma comunicação ao meu gabinete – ao gabinete militar, ao SNI ou a mim, pessoalmente. Só depois dessa comunicação é que posso admitir que um preso político seja levado ao recinto de um quartel do Exército.”

Durante a entrevista concedida ao canal de TV paga, Paulo Egydio também confirmou que está disposto a depor à Comissão da Verdade:

“Irei a qualquer hora, a qualquer instante. Não temos de temer nada. É hora de botar para fora tudo o que for para botar para fora. Vivemos numa democracia”.

Como dizem os ingleses: Vida longa apoiador do regime militar. Que ele compareça, conte tudo e tente dormir em paz.

Texto: Vinicius Mansur - Carta Capital
Beth Muniz - Travessia

WIDGETS QUE ABREM COM A BARRA DO FOOTER

Acompanhe o Feed

Fechar

ou receba as novidades em seu email

Digite seu email:

Entregue por FeedBurner

BARRA DO FOOTER

Blog desenvolvido por

Site Desenvolvido por Agência Charme
Bookmark and Share

Traduzir este Blog

Visitas

Assine o Feed

Curtir

Minimizar