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Tudo bem com a senhora? Precisa de ajuda?

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Gentileza: Na atualidade, um valor em extinção.

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- Tudo bem com a senhora? Precisa de ajuda?

As perguntas acima foram feitas por mim para uma senhora idosa que caminhava com dificuldade, que cruzou o meu caminho ontem. Ou será que foi eu quem cruzou o dela? Não importa. 

A resposta imediata que recebi foi um Tudo Bem... Não muito convencida segui em frente. Me afastei, mas fiquei a observar. Voltei e novamente perguntei:

- Tudo bem com a senhora? Precisa de ajuda? 

Desta vez a resposta foi diferente: “Acho que vou aceitar a sua ajuda. Não estou conseguindo andar sozinha. As minhas pernas estão falhando...”.

Ofereci-lhe o meu braço e a conduzi até o hospital situado a uns quinhentos metros, onde a senhora ia pegar o resultado de um exame. Exatamente o exame das pernas que estavam falhando. 

Na Recepção do hospital solicitei as informações necessárias e a levei até o setor em que pegaria os exames. Depois, a orientei a comprar uma bengala para ajudá-la a deambular, e, a ligar para algum familiar. A ligação ela fez. Se comprou a bengala não sei. 

Então, eu que havia ido ao supermercado comprar umas coisinhas, pude seguir o meu rumo com um sentimento de dever cumprido.

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Pois é...

E para quem vive repetindo que Gentileza gera Gentileza, uma historinha de quem teve o privilégio de vê-lo pessoalmente, diariamente...

É preferível a solidão fiel do que a companhia traiçoeira

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UM BOM LIVRO E UM BOM VINHO SÃO MELHORES DO QUE MUITA GENTE.

Estou ficando velha e a cada dia mais medrosa. Tenho medo de tudo. Do escuro, de espíritos, de barata, de montanha-russa, até de manga com leite - melhor evitar. Não me convide para programações radicais, como descer numa tirolesa ou pular de uma cachoeira. Para quê? Já estou velha para algumas emoções. Quanto mais perto dos 40, mais me convenço de que já vivi o bastante para saber, pelo menos, o que eu não quero fazer.


Hoje eu sei que não preciso mais me agarrar à adrenalina para me sentir viva. Ler um livro, assistir a um filme, encontrar um amigo me fazem melhor do que voar de asa delta, por exemplo. Chega uma época em que não precisamos mais de autoafirmação. Nós nos conhecemos tão bem que já não fazemos a menor questão e o mínimo esforço para agradar aos outros. Não temos mais a necessidade de nos sentir aceitas, da mesma forma que também não aceitamos qualquer um e qualquer programa.

Uma coisa é certa: o nível de exigência aumenta impetuosamente com os anos e isso reflete em todos os aspectos. Para sair de casa, só se a companhia for excepcional. Para entrar num relacionamento, nem se fala. Depois dos 30, nós só namoramos se valer muito a pena. Antes só do que mal amada. Se isso é bom? Claro que sim! Fica quem quer ficar e vai embora quem deve ir.

Viva Dylan!

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A secretária permanente da Academia Sueca, Sara Danius, fez hoje o anúncio do Nobel de Literatura para Bob Dylan. 

- Bob Dylan foi "um grande poeta na tradição poética inglesa", afirmou Sara.

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Em uma curta entrevista após anunciar o Nobel de Literatura para o cantor e compositor norte-americano Bob Dylan, a secretária permanente da Academia Sueca, Sara Danius, disse que Dylan mereceu o prêmio por ser "um grande poeta na grande tradição poética inglesa".

"Ele encarna essa tradição", disse Sara, lembrando que há 54 anos o cantor, poeta e compositor se reinventa, criando novas identidades.

Instada a escolher uma canção emblemática do Nobel da Literatura, Sara Darius disse que o álbum Blonde on Blonde, de 1966, "é um exemplo extraordinário da sua forma brilhante de rimar e do seu pensamento pictórico".

A representante da Academia Sueca lembrou ainda, quando questionada sobre a especificidade da poesia de Dylan, que foi escrita para ser cantada e que também Homero e Safo, há mais de 2 mil anos, escreveram poesia para ser ouvida.

Atribuído pela primeira vez em 1901, ao francês Sully Prudhomme, o Nobel da Literatura, um dos mais mediáticos ao lado do Nobel da Paz, é sempre anunciado a uma quinta-feira, normalmente na primeira semana de outubro, na mesma semana em que os outros quatro prêmios criados por Alfred Nobel são anunciados.

Este ano, no entanto, o prêmio para a área da Literatura é o último a ser anunciado, algo que a Academia Sueca atribuiu a questões de calendário, mas que os meios de comunicação suecos suspeitam dever-se à dificuldade dos membros em chegar a um acordo sobre um nome.

Desde 1901, quando os prémios Nobel foram atribuídos pela primeira vez, foram entregues 108 prémios Nobel da Literatura, 14 dos quais a mulheres.

Os prêmios Nobel nasceram da vontade do químico, engenheiro e industrial sueco Alfred Nobel (1833-1896) de doar a sua imensa fortuna para o reconhecimento de personalidades que prestassem serviços à humanidade.

O inventor da dinamite expôs este desejo num testamento redigido em Paris em 1895, um ano antes da sua morte. Os prêmios foram atribuídos pela primeira vez em 1901.



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Fonte: Da Agência Lusa, Texto e Imagem.

Diálogo no coração do sistema

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Jacques e a Revolução

“Jacques e a Revolução”, breve em cartaz no Rio, debate, em tempos de democracia golpeada pelas elites, a dialética da relação entre empresário e empregado

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Escrita num momento diverso, porém igualmente perturbador, ao final dos anos 1980, no início do processo de democratização do país, à época da queda do muro de Berlim, “Jacques e a Revolução” ou “Como o criado aprendeu as lições de Diderot”, de Ronaldo Lima Lins, dialoga intensamente com os tempos que correm, como se estivéssemos diante de uma espécie de expressão premonitória das sucessivas crises hegemônicas e representativas dos poderes. Para examinar um conjunto de ideias delineadas pelo iluminista francês, a peça reinaugura questões antigas na dinâmica dos últimos séculos de modernidade. Não há lugar geográfico específico. O mundo está em foco. Tudo se passa através do diálogo entre dois personagens: O patrão, um empresário e seu empregado, Jacques.


A conversa entre os dois personagens centrais – Jacques e o Empresário – é amigável e informal, porém, às vezes resvala para conflituosa – colocando-os em confrontos bem humorados. O “tema da viagem”, conforme aparece em Diderot, aqui se concentra num único eixo, no coração de um império econômico, metáfora do próprio sistema. Não se trata, no entanto, de uma situação onde tudo parece indiferenciado. Um comentário descuidado, no conjunto das situações, aponta para algo profundo, como se as ações humanas permanecessem além da nossa compreensão. Constrói-se então uma reflexão que, sem tirar o sabor do riso, atribui ao mesmo um caráter sério, como se nos movêssemos sobre armadilhas.

“Somos colocados diante de uma dialética envolvendo dominador e dominado, como se fosse um destino, no qual há trânsito e alternância de posições. Quem estava por baixo vê-se por cima e vice-versa”, reflete Ronaldo Lima Lins, autor da peça.

Elke Maravilha: Eu não sou aquilo!

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Em meio aos desfiles no início da carreira, Elke conheceu a estilista Zuzu Angel, de quem se tornou amiga. Durante a ditadura militar, em 1971, ela foi presa por desacato no Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, por rasgar cartazes com a fotografia de Stuart Angel Jones, filho da amiga Zuzu, alegando que ele já havia sido morto pelo regime. Com o episódio, ela perdeu a cidadania brasileira. Atualmente, Elke possuía apenas a cidadania alemã.

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Morreu nesta madrugada (16), no Rio de Janeiro, a atriz, apresentadora, jurada e modelo Elke Georgievna Grunnupp, a Elke Maravilha. Ela estava internada há quase um mês na Casa de Saúde Pinheiro Machado, após uma cirurgia para tratar uma úlcera, e teve falência múltipla dos órgãos.

Nascida na Rússia em fevereiro de 1945, Elke se mudou para o Brasil com a família aos seis anos de idade e passou a infância em um sítio em Itabira, no interior de Minas Gerais. Aos 20 anos, ela saiu de casa para morar sozinha no Rio de Janeiro.

Elke trabalhou como bancária, secretária trilíngue e bibliotecária para pagar a faculdade. Cursou Letras e se formou tradutora e intérprete de línguas estrangeiras, e foi professora de inglês e francês. Filha de um russo e uma alemã, desde a adolescência ela já falava nove idiomas: russo, português, alemão, italiano, espanhol, francês, inglês, grego e latim.

Coisas que tenho aprendido sobre o tempo

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A primeira coisa que eu descobri é que o tempo é igual ao joelho. 

Com sorte, você não vai se lembrar dele até os 40 anos, mais ou menos. Durante a infância e a juventude, o tempo e o joelho são indolores. Como o joelho, a gente só sente o tempo quando começa a doer.


Tenho 49 anos e nunca tinha me preocupado com a passagem do tempo antes. Quando a gente é criança ou adolescente não fica olhando para trás, né? A gente vive, simplesmente, às vezes ligado no futuro, mas totalmente desligado do passado – a não ser por traumas, raramente por nostalgia. Depois dos 40 é que o tempo passa a ser uma questão.

Dentro da gente, o tempo do tempo é outro e cada um tem o seu. Tanto é que é mais fácil enxergar que o tempo passou no outro do que na gente mesmo. Por dentro, é possível ter 20 anos para sempre ou ser sexagenário aos 17. O tempo de fora só encontra com o de dentro quando morre alguém que a gente ama.

A saudade é diretamente proporcional ao tempo: quanto mais tempo a gente vive, mais saudade a gente sente. Viver mais é superar o desafio de conviver diariamente com a ausência dos seres queridos.

Mesmo que, por dentro, o tempo só passe se a gente quiser, inevitavelmente a infância fica cada vez mais longínqua. Não temo as rugas, os cabelos brancos algum dia assumirei, mas pensar que poderei, no final dos dias, não recordar minha infância me apavora.

O tempo, ao contrário da crença geral, não faz todo mundo ficar mais sábio e sim mais verdadeiro consigo mesmo. Acho que a “sabedoria” surge justamente daí, de se dar o direito de ser o mais verdadeiro consigo mesmo possível.

Brás Cubas, motivo de orgulho na literatura, e de vergonha no caráter do brasileiro

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Seria o personagem mais emblemático da literatura brasileira mais um caso daqueles em que amamos um herói cheio de defeitos, dentre eles o de ser consciente de todas as suas falhas de caráter, fraquezas humanas e ainda por cima, que faz chacota delas para que possamos conhecê-lo melhor?

Brás Cubas, narrador morto de um romance póstumo, só por isso já seria um inovador no campo literário do fim do século XIX. A questão se torna ainda mais complexa se formos analisar e verificar que o tempo “presente” da narrativa é a pós-vida do narrador, que de forma inexplicável escreve um romance mesmo morto e transforma o nosso agora no seu depois.

Vejamos: a narrativa está no tempo presente, mas esse presente já passou, pois o livro (que Brás Cubas deixa claro ser uma obra escrita por ele para nós) já terminou de ser escrito, então é, ao mesmo tempo, passado. E é passado pela segunda vez ao ser o romance sobre a vida que ele viveu antes de morrer (óbvio? Não, afinal ele também vive (ou viveu) uma vida depois de morto, que foi quando nos escreveu o romance).

O prefácio já nos prepara para o que vem pela frente ao revelar, em uma página, a personalidade do personagem que nos conta sua vida. E a pergunta que se pode fazer (e seria uma pergunta muito comum muito tempo depois na literatura) é se de fato podemos acreditar nesse narrador. Sim, porque suas intenções ao revelar detalhes de sua vida e pensamento não são claras. Ao mesmo tempo em que ficamos sabendo de seus amores, percebemos que as bases de seus sentimentos são questionáveis e muito rapidamente a direção de sua vida se modifica. Mesmo quando Brás Cubas nos confessa um profundo pesar por algo, não tarda mais de algumas linhas para que, com uma boa dose de sarcasmo, a vida real seja reconsiderada, colocando em dúvida sua sinceridade.

A dor passa, a dúvida não

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Antes um Não bem dado do que um Sim mal dito

(Paula Peregrina)

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Quando uma pergunta é então emitida, e espera-se uma resposta positiva ou negativa, supõe-se: sim ou não. No entanto, na prática, a resposta recebida para esse tipo de questão parece dominada por outros opostos: sim e silêncio, sim e enrolação, sim e ilusão. Qual é o problema com o não afinal? Não faz parte da vida? Não é uma resposta válida? Supõe-se que quem tem coragem de perguntar está disposto a receber a melhor ou a pior das respostas.

Pior que o não é um silêncio que ignora a situação, como se nunca tivesse acontecido. Pior que o não é ver sua energia ser mascada pelo outro, mantida a postura na esperança de uma resolução. Pior que o não é a ilusão do sim, diante da ausência de uma resposta negativa. Pior que o não é a atitude ambígua. Que seja um não sei, que seja honesto.

Dizer não com sinceridade não é sinal de maldade. Ao contrário, é sinal de coragem e consideração com quem pede uma resposta para algo. É o simples reconhecimento do outro como ser humano, que se comunica pela linguagem, que pensa, que sente e que se mostrou disposto, deu a cara a tapa à receber uma resposta verdadeira. Dizer não é ser empático o suficiente para saber que tal resposta deixará o outro livre para seguir outros caminhos, para vislumbrar outras opções, outros trajetos, mesmo que seja com dor à princípio. A dor passa, a dúvida não.

Com as pessoas que nós inventamos, só teremos amores imaginários

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O que amamos no outro, muitas vezes, não é o que ele é, mas o que queremos que ele seja.

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Aquilo que era homem! Gentil, culto, romântico, gostava de boa música. Divertido, leal, bem sucedido, parceiro. Adivinhador de desejos. Sabia exatamente onde deveria colocar a mão. Sabia beijá-la. Trazia-lhe flores, o doce predileto. Escrevia bilhetinhos endeusando, em português impecável, a beleza que só ele via. Ainda, os deixava em baixo da xícara de café, recém passado para ela, pela manhã.

Todos nós carregamos ideais. Mas quando se trata de amor, essa capacidade se agiganta de tal forma que corremos sério risco de nos perdermos entre o que é ideal e o que é idealizado. A verdade é que se for uma idealização, hora ou outra, a relação vai trazer sofrimento. O ser encantado não resiste às decepções, fraqueja às diferenças, não suporta o contato e todos os atravessamentos da realidade. É o amor das ideias. Dada à inevitável contrariedade, todo o pozinho de pirlimpimpim se acaba. A carruagem assume sua abobrice, um lord sua forma de canalha e o sapato não entra mais no pé daquela garota, a qual você acreditou calçar um maldito scarpin de cristal, número 35.

Mas afinal de contas, aonde foi parar aquela pessoa, tão magnífica, por quem juraria passar o resto de sua vida? Ele sumiu, ela se foi, acabou. E você? Ah, você disse: — Pegue suas coisas e suma pra sempre dos meus pensamentos. Não é essa pessoa a quem enderecei minha paixão. Aliás, quem é você?

A loucura do coração, no coração da loucura

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'Nise - o coração da loucura' é um filme que deve fazer parte do ensino e pesquisa das universidades brasileiras tanto na área artística quanto médica.

Um sinal do coração basta para que se abra um paraíso ou um inferno. Um limbo talvez se a batida paradisíaca ou infernal, irrompendo-se de repente e ao mesmo tempo, for do mesmo tom e intensidade, quando uma se contrapõe à outra. Esta é a sintonia-espera-distonia, a loucura, de cada coração no decurso de sua sinfonia quotidiana.

Nise: o coração da loucura, filme dirigido por Roberto Berliner, leva o coração a descompassar nos três estados evocados. As sequências de cenas transportam sentimentos de um lado a outro da tríade. Um rio de três margens ao se abrir um vértice de terra no meio do leito principal.

Enquanto o coração navega por esse rio, às vezes sombrio, outras ensolarado, muitas vezes caleidoscópico, quase nunca apaziguado, a tela se faz coração e pulsa pelos personagens que se encontram e desencontram entre si através de seus conflitos internos. Densamente povoados.

De fato, o filme se intromete no interior dos espectadores, em cada coração, e cada espectador ao revés vê seus sentimentos reverberados na tela. Uma conjugação de sentimentos visuais e sanguíneos na sequência de um roteiro limpo, exato, doce e seco, tateando como convém na busca da expressão da loucura.

Nise era bem assim. Limpa, exata, doce e seca, mas da textura do outono aprazível, não a do inverno cortante. Não era de poses melodramáticas, superficiais, contidas ou abundantes. Dizia muito em pouco. Seus olhos eram o mapa de seu coração, além de seus gestos largos ao se estenderem no trato do outro para compreender e enlaça-lo.



Uma folha seca saída do galho de uma frondosa árvore. Desce lenta, suave, tranquila, ave sem asas. Até se deitar mansamente no solo. Na verdade, o solo a espera desde seu desprendimento para acolhe-la de corpo inteiro. Admirado. Ninguém passou por Nise sem ser aguilhoado no doce ou no seco.

As sete janelas de quatro dos cincos sentidos.

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O Ser humano, Uma obra Prima.

"No paraíso de Indra crê-se que há uma rede de pérolas, dispostas de tal forma que, ao olhar uma delas, vemos refletidas nela todas as demais".

Sir Charles Eliot


Guardamos a data do nosso aniversário.

Os que se interessam por astrologia procuram saber até mesmo a hora e os minutos em que vieram a este mundo.

De fato, não nascemos no dia em que nascemos. A data do aniversário marca apenas o dia em que nos tornamos presença, um-com-os-outros, numa qualidade de relação muito diferente daquela que precedeu o nosso natal.

Antes do parto, ali estávamos, há meses, abrigados no útero materno. perdura em nós certa nostalgia daquele espaço-tempo de pura fruição e nutrição, quando se formaram os nossos órgãos, a delicada cartilagem que se tornaria o nosso esqueleto, os membros e a cabeça que, além do cérebro, guarda sete janelas de quatro dos cincos sentidos. Terra e semente regadas a ternura.

Antes que emergisse a nossa consciência, já éramos na consciência de nossos pais. Não só no projeto, mas também ato. Não só o verbo, mas também carne, em gestos e sussurros que unem corpos e espíritos, e fazem do amor sedutora liturgia, cujos signos arranham delicadamente o silêncio, reviram a morte pelo avesso e irrompem em êxtase, trazendo, na perda de si, o encontro com o outro.

Ali brotou o nosso ser.

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A Obra do Artista, Frei Betto.

Eram três: Luhli, Lucina e Luiz.

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Yorimatã.

Nós éramos, mais que tudo, três pessoas juntas. Por acaso era um homem e duas mulheres.

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O documentário resgata a intensa história das cantoras, da profunda conexão que a dupla tinham com a natureza, e as duras batalhas que travaram contra a indústria fonográfica e o moralismo da época.

O filme Yorimatã conta a fascinante história da dupla Luhli e Lucina, cantoras, compositoras e multi-instrumentistas que fizeram mais de 800 composições e traduziram a liberdade para a linguagem musical. São elas as autoras dos clássicos O Vira, eternizado pelo grupo Secos e Molhados, e Bandoleiro e Fala, canções que ficaram famosas na voz de Ney Matogrosso, que participa do documentário. Além dele, dão depoimentos sobre a dupla Gilberto Gil, Joyce Moreno, Tetê Espíndola, Alzira Espíndola, Zélia Duncan, Antonio Adolfo e Luiz Carlos Sá, da dupla Sá e Guarabyra.

Mais do que resgatar a enorme importância e o pioneirismo de Luhli e Lucina para a Música Popular Brasileira, Yorimatã mostra como a dupla desafiou regras sociais e do mercado fonográfico nas décadas 1970 e 1980. Além de serem consideradas as primeiras mulheres a tocar percussão e de terem rompido com gravadoras em nome da liberdade artística, as duas viveram intensa e longamente uma história de amor a três com o fotógrafo e cineasta Luiz Fernando Borges da Fonseca.

Theresa Kachindamoto, supervisora de um distrito em Malawi, país da África, se destaca como uma líder feminista ajudando mulheres e garotas de sua comunidade. 

Nos últimos 3 anos, ela já anulou mais de 850 casamentos forçados, colocou meninas na escola e começou uma luta para abolir rituais que iniciam crianças sexualmente.

Mais da metade das mulheres em Malawi acabam se casando antes dos 18 anos. Além disso, o país ainda conta com um baixo Índice de Desenvolvimento Humano. É por essas e outras que o trabalho de Kachindamoto é tão importante.

Ela já trabalha na área há 27 anos e ainda assim não para de conquistar vitórias para sua sociedade. Foi só no ano passado que ela conseguiu instituir a maioridade de 18 para casamentos (mesmo com assinatura dos pais). É comum meninas de 12 anos grávidas por conta disso. E agora ela briga para que essa idade seja elevada para os 21 anos.

Por ser uma região muito pobre, é grande a incidência de famílias que arranjam casamentos para meninas a fim de aliviarem os gastos da casa, deixando as despesas para o futuro marido. E as consequências de comportamentos como esses que diminuem a voz feminina na sociedade são drásticas. 

Uma em cada cinco mulheres são vítimas de abuso sexual. O que é extremamente preocupante, uma vez que os índices de HIV só crescem no país. 

Por conta de sua conduta e postura, Theresa já foi até ameaçada de morte por outros políticos que são contra suas políticas públicas. 

Mas ela rebate e diz que continuará lutando até morte. E deixa uma mensagem quando entrevistada: “se elas forem educadas, podem ser o que quiserem”. Ou seja, até esposas e mães. Mas se elas quiserem.

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Fonte:

A realidade não é o que é, e sim o que eu digo que ela é

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A fabricação da opinião pública.

De 1917 até 2016, não é mera coincidência.

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Em 1917, o presidente Woodrow Wilson anunciou que os Estados Unidos entrariam na Primeira Guerra Mundial.

Quatro meses e meio antes, Wilson tinha sido reeleito por ser o candidato da paz.

A opinião pública recebeu o seu discursos pacifistas e sua declaração de guerra com o mesmo entusiasmo. 

Edward Bernays foi o principal autor desse milagre.

Quando a guerra terminou, Bernays reconheceu publicamente que tinha sido inventadas as fotos e as histórias que acenderam o espírito bélico das massas. Esse êxito publicitário inaugurou uma carreira brilhante.

Bernays se transformou no assessor de vários presidentes e dos empresários mais poderosos do mundo.

- "A realidade não é o que é, e sim o que eu digo que ela é".

Assim, Bernays desenvolveu melhor que ninguém as técnicas modernas de manipulação coletiva, que empurram as pessoas para que comprem um sabonete ou uma guerra.

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Os Filhos dos Dias.
Eduardo Galeano





A vida é uma brincadeira

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"Quando resolvemos levá-la a sério, somos enganados".

(Frase do pai do Dinho, dos Mamonas Assassinas, em entrevista a uma rede de TV).

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20 anos sem os Mamonas.

Dinho e os demais integrantes da banda faleceram na madrugada de 2 de março de 1996, num acidente aéreo na serra da Cantareira, junto com os outros integrantes da banda e os tripulantes da aeronave.


Alma vai além de tudo que o nosso mundo ousa perceber

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Lapidar minha procura toda trama
Lapidar o que o coração com toda inspiração
Achou de nomear gritando... alma

Recriar cada momento belo já vivido e mais,
Atravessar fronteiras do amanhecer,
E ao entardecer olhar com calma e então

Alma vai além de tudo que o nosso mundo ousa perceber
Casa cheia de coragem, vida tira a mancha que há no meu ser
Te quero ver, te quero ser

Alma!

Se for pra ter medo, que seja de uma vida sem graça

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Tente imaginar a cena: você está atravessando uma rua escura dentro de cidade sabidamente violenta. De repente, o enorme vulto de um homem se projeta à sua frente, segurando uma arma nas mãos. Instintivamente, seu coração dispara, as mãos suam frio, o gosto de sangue vem à boca e os músculos se preparam para a defesa. Dois segundos depois, você descobre que o vulto é, na verdade, a projeção dos galhos de uma árvore. Por aquele breve tempo, seu corpo agiu como se a vida estivesse em perigo.

Somos biologicamente programados para ter medo. Ele é uma forma de precaução, de alertar o corpo sobre as possíveis agruras que alguém possa sofrer. Há quem defenda que tê-lo é sinal de fraqueza. “Seja macho!”, dizem por aí, como se isso significasse alguma coisa útil além de um traço de misoginia. Ainda bem que a biologia nos impede de adotar indiscriminadamente esses conselhos malucos e inconsequentes. Do contrário, lutaríamos a sangue frio com assaltantes armados e o emprego ficaria para trás ao primeiro dissabor. O medo nos faz prudentes.

A questão talvez seja sopesar para compreender até que ponto essa reação biológica impede o alcance da plenitude. Em excesso, o medo pode cegar, amarrar e impedir. Há pessoas que desperdiçam toda uma vida atadas a um relacionamento claramente infeliz, abusivo e naufragado. Outras se dedicam por dezenas de anos a um emprego que as torna tristes e miseráveis. Há ainda as que apenas planam por uma vida medíocre e sem graça sem questionarem, ao menos por um segundo, a possibilidade de haver escolhas mais interessantes a fazer. O excesso de cautela as torna inertes e subitamente suas vidas estão chegando ao fim sem que de fato tenham vivido. O medo, então, deixa de ser um aliado e estabelece vitória sobre a vida que poderia ter sido e não foi. “Viveu uma vida segura”, dirá a lápide de quem se pauta no medo como limitador da coragem. Que pessoa quereria um epitáfio desses?

O amor não precisa ser perfeito, precisa ser possível

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Em nome do amor, a gente sai por aí com um check list na mão, obstinado a encontrar o bendito ser iluminado, capaz de cumprir toda tabela de requisitos que precedem uma relação supostamente feliz. Ok para isso, não ok para aquilo! E riscamos o outro (ou somos riscados) com o implacável marca texto cor neon, quase um ditador, que insiste em nos lembrar, o quanto o sujeito é imperfeito demais para nós. Final das contas: não serve, está demitido de nosso coração por justa causa, a de não ser sublime.

Estar apaixonado é fazer uma conta que não fecha. Não há matemática capaz de explicar os sentimentos quando acontecem. Vêm feito torrente, atropelando, arrastando e desorganizando qualquer suposição antecipada, pois a verdade é que o sentimento está se lixando para esse guia de amores dos sonhos. Ele só quer se encantar. Assim como a morte, o amor também pode ser fatal, mas se a gente sai com um manual do ser encantado na mão, provavelmente não nos daremos conta de sua deliciosa fatalidade quando surgir. O amor, então, não passará de um desconhecido na fila do banco dos corações endividados, ao qual negamos dar um simples bom dia.

Estaríamos nós nos esquivando de amar, ao preconizar o perfeito? Ora, somos a soma dos amores que vivemos e isso não significa que saímos sempre ilesos de todas as histórias de amor. Vivemos também amores malcriados, daqueles que nos retalham a esperança por dentro. Para toda dor imensa há uma defesa e, talvez, tenhamos inventado esse índice seletivo com a missão de escaparmos de qualquer possibilidade de sofrer. No fundo, estamos mesmo é borrando nas calças de medo e por isso insistimos em seguir carregando, em baixo do braço, essa inflexível lista que nos livra do sofrimento, ao custo de não viver coisa alguma.

Fotógrafo conta histórias de amizade entre moradores de rua e seus cães

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Parte da venda do livro de Edu Leporo será revertida em ração, vacinas, castrações e coleiras antipulgas para os animais de rua.

O ritmo frenético das ruas de São Paulo faz com que muitas belezas não sejam notadas. A pressa e a indiferença podem anular do campo de visão um graffiti, um prédio histórico, um jardim florido e até mesmo milhares de pessoas que fazem das calçadas suas casas. Mas essas pessoas muitas vezes invisíveis (e com relações ainda mais invisíveis) não passaram despercebidas aos olhos atentos do fotógrafo Edu Leporo. Interessado em registrar pessoas em situação de rua ao lado de seus cães, durante três anos o fotógrafo especializado em animais frequentou praças, calçadas e viadutos da capital paulista para documentar a profunda relação de amizade entre eles.

"Como é a vida dos cães que vivem nas ruas?" Em 2012, o Elu Leporo decidiu procurar, com sua câmera, a resposta para esta pergunta. O resultado até agora são seis exposições já realizadas em São Paulo e o lançamento do livro Moradores de Rua e Seus Cães, que traz fotografias e 19 histórias de amizade. "Eu sempre via cães de ruas com seus donos e eu queria saber como era a vida deles: como eles se viravam, como viviam, como faziam para comer, dormir, beber etc", afirma Leporo, que promoveu uma campanha de financiamento coletivo para o lançamento da obra.

Inseparáveis

Passarinhos

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Passarinhos

Despencados de voos cansativos

Complicados e pensativos

Machucados após tantos crivos

Blindados com nossos motivos

Amuados, reflexivos

E dá-lhe anti-depressivos

Acanhados entre discos e livros

Inofensivos


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