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Literatura de cordel: instrumento de formação popular

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Gênero típico do Nordeste contribui para a conscientização política

Wikipedia.

“A poesia de cordel é uma das manifestações mais puras do espírito inventivo, do senso de humor e da capa - cidade crítica do povo brasileiro”. Foi assim que esse ramo literário foi definido por Carlos Drummond de Andrade, um dos mais reconhecidos poetas e cronistas brasileiros do século 20.

Gênero típico do Nordeste brasileiro, a literatura de cordel – batizada pela forma como os folhetos são expostos – é uma herança portuguesa. Sua marca é o registro de relatos orais para serem re - citados. Além da diversão, são também um instrumento de formação política do povo, definem cordelistas.

Um deles é Tarciso Moraes, trabalhador aposentado da Petrobras e poeta de Juazeiro, na Bahia. Para ele, o cordel é uma forma de retratar as agruras do povo nordestino e projetar a sua formação. “O cordel contribuiu muito para a conscientização de nós, nordestinos. Juntando com o sofrimento de tantos anos, contribuiu para hoje a região se sobressair como progressista”.

A obra de Moraes é pautada por temas sociais. Um de seus folhetos, por exemplo, relata o Massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido contra trabalhadores rurais sem-terra em 1996, no Pará. Uma de suas últimas produções é atenta ao clima político atual – “Diretas Já, Lula lá” –, na qual ele critica a condenação do petista pelo juiz de primeira instância Sérgio Moro.

O formato é também assumido por jovens, como a escritora cearense Jarrid Arraes, que lançou em 2017 a obra “Heroínas Negras Brasileiras em 15 Cordéis”. Antonieta de Barros, Carolina de Jesus e Dandara dos Palmares são algumas das celebradas por sua poesia.

“Escrever sobre feminismo e direitos humanos foi algo que me encorajou a escrever de outras formas também, escrever cordel, prosa, poesia e compartilhar com as pessoas. E os temas do machismo e do racismo são muito presentes, porque eu sou uma mulher negra e a minha visão de mundo, minhas experiências, são perpassadas por isso”, explica.

Arraes resume como o cordel pode ser uma ferramenta de crítica da realidade: “Cordel engajado é um tipo de cordel que fala de questões sociais, políticas, de reivindicações, coisas que estão em evidência no momento”.
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Do Brasil de Fato.

Uneafro Brasil

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Uneafro Brasil promove campanha de financiamento coletivo.

A Uneafro (União de Núcleos de Educação Popular para Negras/os e Classe Trabalhadora) iniciou uma campanha de financiamento coletivo para continuar suas atividades de promoção da educação e formação de jovens. Os valores arrecadados servirão para custear bolsas dos estudantes no cursinho e auxiliarão na manutenção do funcionamento da instituição.

A organização já existe há quase uma década e conta com 30 cursinhos populares comunitários, 350 professores solidários e mais de 15 mil participantes. O coletivo defende a tese de responsabilização e cobrança do Estado pelas mazelas do povo brasileiro, em especial negros, e luta pela ampliação de Ações Afirmativas.

"Um dos nossos impasses é a garantia de material didático para esses jovens, seria interessante se a gente pudesse uniformizar o conteúdo e ter um material próprio da Uneafro que já tem praticamente 10 anos de luta", explica a Rosângela Cristina Martins coordenadora do Núcleo Tereza de Benguela.  

Débora Dias dos Santos, ex-aluna da Uneafro e hoje estudante de ciências sociais da Unifesp, afirma que a experiência no cursinho foi fundamental para a sua formação. Para além de ter garantido sua vaga em uma universidade pública, Dias relata que a organização foi essencial para reconhecer sua negritude bem como entender a importância da ocupação e resistência dentro do espaço acadêmico. "Sem eles eu não estaria aqui", conta.

As universidades ainda são majoritariamente ocupadas por pessoas brancas. Em 2015 apenas 12,8% dos negros entre 18 e 24 anos chegaram ao nível superior, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

No dia Internacional da Mulher, a Mulher do Fim do Mundo

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Elza Soares.

Considerada a melhor cantora do milênio pela BBC de Londres, ela nasceu em Vila Vintém (Rio de Janeiro) no dia 23 de junho de 1937. Cantora de samba com mais de dez álbuns lançados, ela foi casada com Mané Garrincha com quem teve um filho, que morreu em um acidente de carro com apenas nove anos de idade.

Para comemorar o Dia Internacional da Mulher, a minha escolha é essa mulher incrível, com uma história de lutas, de perdas, de conquistas, uma guerreira, uma vitoriosa.



MULHER DO FIM DO MUNDO
(Romulo Fróes e Alice Coutinho)

Meu choro não é nada além de carnaval
É lágrima de samba na ponta dos pés
A multidão avança como vendaval
Me joga na avenida que não sei qualé

Pirata e super homem cantam o calor
Um peixe amarelo beija minha mão
As asas de um anjo soltas pelo chão
Na chuva de confetes deixo a minha dor

Na avenida deixei lá
A pele preta e a minha voz
Na avenida deixei lá
A minha fala, minha opinião
A minha casa, minha solidão
Joguei do alto do terceiro andar
Quebrei a cara e me livrei do
Resto
Dessa
Vida,
Na avenida,
Dura
Até
O fim

Mulher
do fim
do mundo
Eu sou
Eu vou
Até o fim
Cantar

Afronauts e A Noite da Verdade

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Mostra exibe filmes de diretoras negras.

Produções promovem reflexões sobre a presença e a representatividade da mulher negra no cinema. Além da exibição de oito filmes, evento terá sessão de bate-papo com cineastas.

Imagem do Afronauts
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São Paulo – A Mostra Motumbá – Memórias e Existências Negras começou em novembro e promove até março, no Sesc Belenzinho, zona leste de São Paulo, várias atividades que valorizam a representatividade de matrizes africanas e/ou periféricas na contemporaneidade. Entre sexta (20) e domingo (22), a programação reúne quatro curtas e quatro longas-metragens de diretoras negras de diferentes nacionalidades, na mostra A Magia da Mulher Negra, que tem curadoria de Kênia Freitas.

O primeiro filme a ser exibido, nesta sexta-feira, às 16h, é Cores e Botas, de Juliana Vicente, curta-metragem de ficção que conta a história de Joana, uma menina negra que, nos anos 1980, sonha em ser Paquita no show da Xuxa. Na sequência, o longa norte-americano Pariah, de Dee Rees, narra a saga da adolescente Alike, uma garota de 17 anos que é lésbica e vive no distrito do Bronx, em Nova York. Além de sofrer de baixa auto-estima, a adolescente passa por uma crise de identidade e precisa decidir entre expressar abertamente sua orientação sexual ou obedecer aos planos que os pais têm para ela.

No mesmo dia, às 20h, será exibido o documentário Caixa d'Água: Qui-Lombo é Esse?, de Everlane Moraes, que reúne depoimentos de antigos moradores do bairro Getúlio Vargas, em Aracaju, e apresenta os costumes quilombolas herdados dos antigos escravos. Por meio de 55 entrevistas, o curta resgata a resistência da comunidade em meio à urbanização desenfreada da cidade e a tentativa de preservar a oralidade e valorizar a cultura negra sergipana. Em seguida, é a vez do documentário Família Alcântara, de Daniel e Lilian Sola Santiago, sobre a resistência de uma família cujas origens remetem à bacia do Rio Congo e a preservação de suas raízes durante séculos de tradição oral, práticas e costumes tradicionais.

September 77, Biko!

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Steve Biko, 70 anos.

"A arma mais potente nas mãos do opressor é a mente do opressor".

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No domingo, dia 18, o líder estudantil e ativista anti-apartheid da África do Sul, Steve Biko, faria 70 anos. 

Biko nasceu em King Willam, na África do Sul, e ficou conhecido mundialmente por sua atuação como ativista do movimento anti-apartheid no seu país, durante a década de 1960. Após ser preso em 6 de setembro de 1977, morreu, seis dias depois, por conseqüência de torturas, enquanto era levado por policiais a um hospital a 1200 km da cidade onde se encontrava, Port Elizabeth. 

A história de Steve Biko, um dos principais idealizadores do movimento de Consciência Negra, foi contada livro Vida e Morte de Steve Biko, do jornalista e seu amigo, Donald Woods. Em 1987 o livro foi usado como base para o filme Um Grito de  Liberdade (Cry Freedom) , dirigido por Richard Attenborough e tendo Denzel Washington no papel do protagonista.

Algumas imagens do filme estão no vídeo (abaixo) da extraordinária música Biko, de Peter Gabriel, que faz parte da trilha sonora.

"September ’77
Port Elizabeth weather fine
It was business as usual
In police room 619"

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Mãe, qual é a cor tão úmida de seus olhos?

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Uma noite, há anos, acordei bruscamente e uma estranha pergunta explodiu de minha boca. De que cor eram os olhos de minha mãe? Atordoada custei reconhecer o quarto da nova casa em que estava morando e não conseguia me lembrar de como havia chegado até ali. E a insistente pergunta, martelando, martelando. De que cor eram os olhos de minha mãe? Aquela indagação havia surgido há dias, há meses, posso dizer. Entre um afazer e outro, eu me pegava pensando de que cor seriam os olhos de minha mãe. E o que a princípio tinha sido um mero pensamento interrogativo, naquela noite se transformou em uma dolorosa pergunta carregada de um tom acusatório. Então, eu não sabia de que cor eram os olhos de minha mãe?

Sendo a primeira de sete filhas, desde cedo, busquei dar conta de minhas próprias dificuldades, cresci rápido, passando por uma breve adolescência. Sempre ao lado de minha mãe aprendi conhecê-la. Decifrava o seu silêncio nas horas de dificuldades, como também sabia reconhecer em seus gestos, prenúncios de possíveis alegrias. Naquele momento, entretanto, me descobria cheia de culpa, por não recordar de que cor seriam os seus olhos. Eu achava tudo muito estranho, pois me lembrava nitidamente de vários detalhes do corpo dela. Da unha encravada do dedo mindinho do pé esquerdo… Da verruga que se perdia no meio da cabeleira crespa e bela. Um dia, brincando de pentear boneca, alegria que a mãe nos dava quando, deixando por uns momentos o lava-lava, o passa-passa das roupagens alheias e se tornava uma grande boneca negra para as filhas, descobrimos uma bolinha escondida bem no couro cabeludo ela. Pensamos que fosse carrapato. A mãe cochilava e uma de minhas irmãs aflita, querendo livrar a boneca-mãe daquele padecer, puxou rápido o bichinho. A mãe e nós rimos e rimos e rimos de nosso engano. A mãe riu tanto das lágrimas escorrerem. Mas, de que cor eram os olhos dela?

Eu me lembrava também de algumas histórias da infância de minha mãe.

Ela havia nascido em um lugar perdido no interior de Minas. Ali, as crianças andavam nuas até bem grandinhas. As meninas, assim que os seios começavam a brotar, ganhavam roupas antes dos meninos. Às vezes, as histórias da infância de minha mãe confundiam-se com as de minha própria infância. Lembro-me de que muitas vezes, quando a mãe cozinhava, da panela subia cheiro algum. Era como se cozinhasse ali, apenas o nosso desesperado desejo de alimento. As labaredas, sob a água solitária que fervia na panela cheia de fome, pareciam debochar do vazio do nosso estômago, ignorando nossas bocas infantis em que as línguas brincavam a salivar sonho de comida. E era justamente nos dias de parco ou nenhum alimento que ela mais brincava com as filhas. Nessas ocasiões a brincadeira preferida era aquela em que a mãe era a Senhora, a Rainha. Ela se assentava em seu trono, um pequeno banquinho de madeira. Felizes, colhíamos flores cultivadas em um pequeno pedaço de terra que circundava o nosso barraco. As flores eram depois solenemente distribuídas por seus cabelos, braços e colo. E diante dela fazíamos reverências à Senhora. Postávamos deitadas no chão e batíamos cabeça para a Rainha. Nós, princesas, em volta dela, cantávamos, dançávamos, sorríamos. A mãe só ria de uma maneira triste e com um sorriso molhado… Mas de que cor eram os olhos de minha mãe? Eu sabia, desde aquela época, que a mãe inventava esse e outros jogos para distrair a nossa fome. E a nossa fome se distraía.

16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres

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Iniciativa da Procuradoria da Mulher no Senado Federal.

A agenda começou na terça-feira (22), com um debate sobre a Semana da Consciência Negra, e se estende até 15 de dezembro, com eventos organizados pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal.

Para a deputada Ana Perugini (PT-SP), coordenadora-geral da Frente dos Direitos Humanos das Mulheres, os 16 Dias de Ativismo são uma oportunidade para avaliar as conquistas femininas, os avanços nas políticas públicas e discutir ações de enfrentamento à violência e aos retrocessos.


“Pensamos numa agenda abrangente, com temas presentes na realidade da mulher brasileira. Em cada atividade, estaremos plantando sementes, fazendo um chamamento para que as mulheres reivindiquem seus direitos e busquem seu espaço na sociedade”, disse Ana.

O destaque da programação é a Sessão Solene de entrega do Diploma Mulher-Cidadã Carlota Pereira de Queirós, no dia 1º de dezembro, às 9 horas, na Câmara dos Deputados, a sessão especial: sobre os 16 Dias de Ativismo e apresentação das pesquisas do Observatório da Mulher contra a Violência, no dia 7 de dezembro, às 11h, no Senado e, encerrando a programação, o Seminário “Mulher: Diálogos sobre Empoderamento Político, Econômico e Social e Enfrentamento à Violência”, de 13 a 15 de dezembro, das oito às 1 horas, também no Senado. 

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De Brasília, com agências e Portal Vermelho

O pensamento Decolonial e a questão Étnico-racial no mundo

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O V SERNEGRA está a todo vapor.

No dia de hoje eu tive o prazer de ouvir a palestra da professora americana Patricia Hill Collins (foto), sobre a Decolonialidade e o Antirracismo, também nos USA.

Confesso que aprendi muito. Até porque a Collins abordou o processo eleitoral dos Estados Unidos da América do Norte e suas consequências para os afrodescendentes, latinos, negros, mulheres, comunidades LGBT’s e etnias de todos os cantos do mundo. Em suma: o que significa efetivamente a eleição do D.T. ?

- Ela não pronuncia o nome dele completo. Não consegue, tamanha a sua indignação.

Sim, porque as consequências negativas não se restringirão apenas aos norte-americanos, nativos ou não.

Bem, diante desta importante oportunidade de participar deste evento, resolvi, por questão de tempo, só voltar a publicar no Travessia após o dia 23.

Até lá, além das minhas atividades rotineiras, estarei inteiramente dedicada ao V SERNEGRA.

🔼Um abraço.🔽

V SERNEGRA

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Decolonialidade e Antirracismo

O SERNEGRA é um evento realizado pela Pró-Reitoria de Extensão do IFB e pelo Grupo de Estudos Culturais sobre Gênero, Raça e Classe do Campus Brasília do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília, IFB. Conta com o apoio da Pro-Reitoria de Ensino, do Sinasefe, do Sinpro-DF e da CNTE. 

A abertura será amanhã no Cine Brasília. Eu vou!

A quinta edição da Semana de Reflexões sobre Negritude, Gênero e Raça (SERNEGRA 2016) propõe trazer para o debate e para a luta antirracista no Brasil a Teoria (e a práxis) Decolonial, ainda não muito divulgada entre nós.

Fundada no trabalho de pensadores negros como Franz Fanon e Aimé Césaire, a Teoria Decolonial vem construindo na última década uma interpretação libertária da América Latina centrada no enfrentamento da desigualdade racial, que é vista como intrínseca à modernidade/colonialidade.

O simpósio SERNEGRA 2016 estará especialmente, mas não exclusivamente, voltado a questões próximas, ou que queiram se aproximar, ao debate decolonial e às suas abordagens sobre gênero e raça. Outras questões não necessariamente envolvidas com o debate decolonial também serão debatidas nesse espaço de discussão acadêmica plural e não hierárquico que tentamos construir a cada ano.

Ficou curioso? 

Saiba mais aqui.

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A foto da Elza Soares é para informar que ela acabou de ganhar o Gremmy Latino 2016.

😊Grande Elza!😊

Ocupa Abdias!

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"Apesar de gostar de ir à escola e querer estudar junto a essas crianças, Abdias não podia, porque era negro".
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A partir de 17 de novembro, a exposição Ocupação Abdias Nascimento, que mostra toda a trajetória do intelectual negro, fundamental para a história de combate ao racismo no Brasil, estará no Itaú Cultural, na capital paulista. Ele foi escritor, artista visual, teatrólogo, político e poeta, além de um dos maiores ativistas dos direitos civis e humanos das populações negras.

A exposição resgata momentos de sua história, sua participação em grupos artísticos como a Santa Hermandad Orquídea, o Teatro do Sentenciado, o Teatro Experimental do Negro e o Museu de Arte Negra, além de grupos de articulação política, social e de pesquisa, como a Convenção Nacional do Negro, o Memorial Zumbi e o Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (Ipeafro). Estarão também representados seus mandatos como deputado e senador.

Com curadoria do Itaú Cultural e do Ipeafro, o público poderá conferir o legado de Abdias (1914-2011), que incluem suas obras teóricas abordando questões relacionadas a lutas sociais, afirmação de identidades negras e defesa de seus direitos, além de performances, leituras dramáticas de peças encenadas pelo Teatro Experimental do Negro (TEN) e o lançamento da reedição do livro O Genocídio do Negro Brasileiro. Depois de uma grande pesquisa a partir do acervo do Ipeafro, a curadoria reuniu também pinturas, documentos históricos, correspondências, discursos, entrevistas, depoimentos, manuscritos e fotografias.


Quatro eixos formam a Ocupação 🔺Abdias Nascimento🔺: A Mulher da Banda de Fora, Teatro Dentro de Mim, As Borboletas de Franca e Sankofa, que apresentam uma relação entre a produção artística e política de Abdias, mostrando como ele trabalhou de forma estética e discursiva com temas como combate ao racismo, pan-africanismo, diáspora africana, ancestralidade e tradições religiosas e signos de matriz africana.

A curadora e presidente do Ipeafro, Elisa Larkin Nascimento, que foi esposa de Abdias durante os últimos 38 de vida do ativista, acredita que todo o material produzido por ele é ainda muito atual, citando o livro O Genocídio do Negro Brasileiro, publicado no Brasil em 1978.

“Esse título do livro não podia ser mais contemporâneo, porque é exatamente o que se denuncia quase todos os dias. Nós estamos vendo a juventude negra ser assassinada pela polícia e pela violência, estamos assistindo à violência religiosa contra as comunidades e terreiros. Quase todo dia você tem a invasão ou a depredação de alguma comunidade, de algum terreiro de candomblé, nós estamos vendo a discriminação contra os filhos dessas comunidades religiosas nas escolas, tivemos uma menina que foi apedrejada, enfim, vários tipos de violência”, disse. “O genocídio, quando vemos a definição dessa palavra, ela não se refere apenas à morte física, mas também à morte de uma cultura, do legado cultural de um povo. E é isso que ele (Abdias) diz nesse livro”.

A mulher BRANCA e o feminismo NEGRO

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“Aquele homem ali diz que é preciso ajudar as mulheres a subir numa carruagem, é preciso carregá-las quando atravessam um lamaçal e que devem ocupar sempre os melhores lugares. Nunca ninguém me ajuda a subir numa carruagem, a passar por cima da lama ou me cede o melhor lugar! E não sou uma mulher? (…)” 

(Sojourney Truth)

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O feminismo negro surgiu no Brasil entre o fim da década de 70 e o início da década de 80, com o intuito de pautar as necessidades específicas da mulher negra, que não eram presentes no movimento feminista já existente. De uma forma geral, o movimento tinha uma identidade exclusivamente voltada ao gênero e não via como indispensável a prática de fazer recortes, como por exemplo etnia e classe social.   

Sojourney Truth, que fora escravizada e se tornou oradora, em seu discurso na Convenção de Direito das mulheres em Ohio, no ano de 1851, questionou se ela, enquanto negra, não era mulher, em um discurso que evidenciava o privilégio branco em detrimento ao negro, especificamente, mulheres.  

Partindo da premissa na qual no machismo a opressão se dá do homem estruturalmente opressor para a mulher estruturalmente oprimida, podemos aplicar esses mesmos preceitos dentro da questão de gênero, onde os privilégios das mulheres brancas são interpretados como ferramentas de opressão às mulheres negras. Mas quais privilégios são esses? O privilégio de estampar as capas das revistas, de interpretar majoritariamente os personagens das novelas, de estar nas passarelas ou de simplesmente ser preferida numa disputa por vaga de emprego. 

Trancados na Noite

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- Trancados na noite, milênios afora,
forçamos agora
as portas do dia.

Faremos um povo de igual rebeldia.

Faremos um povo de bantus iguais
no só Casa Grande do Pai.

Os Negros da África,
os Afros da América,
Os Negros do Mundo,

na aliança com todos os Povos da Terra.

(Pedro Tierra e Robertinho Silva)

Missa dos Quilombos, 1981.

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Coleção Milton Nascimento, 1982.





A contribuição dos negros para a ciência e tecnologia do país

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Museu Afro Brasil abre visita virtual ao acervo e a mostras passadas.

Mais de 100 obras podem ser conferidas por meio da ferramenta Street View, do Google, entre elas, peças sobre o período da escravidão e a contribuição dos negros para a ciência e tecnologia do país


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São Paulo – Mais de 10 mil metros quadrados de área expositiva do Museu Afro Brasil podem ser percorridos em apenas alguns cliques. A instituição anunciou que mais de 100 obras de sua coleção podem agora ser vistas gratuitamente por meio do aplicativo do Google Cultural Institute em qualquer computador conectado à internet.

As imagens das obras e do museu foram captadas em 360 graus com o equipamento trolley, desenvolvido para o Street View do sistema de mapas do Google. Os três andares do museu localizado dentro do Parque Ibirapuera foram mapeados e algumas obras pré-selecionadas podem ser analisadas separadamente e com detalhes.

Além do acervo da instituição, algumas das mostras que já ficaram em cartaz nas galerias do museu passaram por uma nova curadoria para continuar disponíveis virtualmente. É o caso de Espírito da África – Os Reis Africanos, exposição de fotografias em que o austríaco Alfred Weidinger apresenta alguns remanescentes das monarquias dos maiores reinados africanos. As imagens capturadas entre 2012 e 2013 são imponentes retratos de reis e chefes contemporâneos de várias partes do continente.

“O Mack não deveria aceitar nem negros e nem nordestinos”

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Estudantes denunciam pichação racista em faculdade de direito de SP.

Caso aconteceu na Universidade Presbiteriana Mackenzie, onde manifestações de cunho racista vêm se tornando cada vez mais recorrentes; diretoria da instituição repudiou o fato e informou que já abriu procedimento interno para apurar o episódio.

Uma pichação de cunho racista foi encontrada no final da tarde desta terça-feira (6), no banheiro da Faculdade de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, uma das mais tradicionais do país. Quem denunciou o caso foram os próprios estudantes que, através das redes sociais, compartilharam a foto da parede com a inscrição “Lugar de negro não é no Mackenzie. É no presídio”.

“É difícil pra mim, como estudante negra, desse mesmo prédio, escrever sobre essa imagem, por que ela é a representação do pensamento racista que eu sei que passa na cabeça de muitos que permeiam pelo Mack (…) Volto a dizer: podem chorar e escrever nas paredes quantas vezes quiser elite, branca, racista, MAS vai ter preto na universidade SIM”, se manifestou em sua página do Facebook a estudante Tamires Gomes Sampaio, primeira diretora negra do Centro Acadêmico do curso de Direito da universidade e segunda vice-presidenta da União Nacional dos Estudantes.

Por meio de nota, a diretoria da faculdade também se posicionou contra o ocorrido, dizendo que “repudia todo ou qualquer ato, ação ou manifestação de cunho racista”, garantindo ainda que “já foi feita a denúncia aos órgãos e instâncias responsáveis pela apuração” e que também foi instaurado um procedimento interno.

Essa não é a primeira vez que mensagens racistas aparecem na universidade. A última vez aconteceu em agosto deste ano quando, também em um banheiro, foi encontrada a pichação: “O Mack não deveria aceitar nem negros e nem nordestinos”.

Das Ruas pro CEU

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Projeto ‘Das Ruas pro CEU’ integra luta para levar o hip-hop às escolas.

Evento abordará a inclusão da cultura hip-hop das periferias na grade escolar da educação nacional.

Na programação musical o destaque é o show do grupo Doctor MC’s

A prefeitura de São Paulo prepara 'Das Ruas Pro CEU', no CEU Sapopemba, zona leste da capital, que no domingo (4/10) reunirá os quatro elementos da cultura hip-hop – MC, DJ, Graffiti e Break Dance num único projeto. 

De acordo com nota da subprefeitura, o festival objetiva estimular o debate sobre a inclusão da cultura hip-hop na grade escolar da educação nacional, incluindo a Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Os organizadores argumentam com base na Lei 10.639, que torna a "História da África" e "História e Cultura Afro-brasileira" obrigatórias na educação fundamental e no ensino médio. "O hip-hop pode partir de suas raízes africanas, ser uma ponte entre a escola e o continente negro, e uma possível chave de interpretação da cultura da periferia", diz o comunicado.

O evento está sendo produzido em parceria da Subprefeitura com  o Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca), e o Centro de Direitos Humanos de Sapopemba (CDHS) e vai reunir vários artistas locais. Além de 25 grafiteiros, a parte musical terá apresentações de Armamentes, Monarkas, Subzero e Doctor MC's, todos prometendo 'agitar a galera com o rap da periferia'. Rampas e obstáculos serão montados para skatistas. Ainda terá competições de streetball, além de batalha de B. Boys e B. Girls.

O CEU Sapopemba fica na Rua Manuel Quirino De Mattos, s/nº. O Das Ruas Pro CEU tem início previsto para as 10h.

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O que separa as mulheres negras de qualquer outra pessoa?

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Na premiação do Emmy Awards 2015, Viola Davis, a primeira mulher negra a ganhar um Emmy,  respondeu perfeitamente esta pergunta.

Ela fez história no domingo (20/9), quando se tornou a primeira mulher negra da história a ganhar um Emmy de melhor atriz na categoria dramática por How To Get Away With Muder.

Viola concorreu com Taraji P. Henson, de Empire, que também é negra, e Claire Danes, de Homeland, Tatiana Maslany, de Orphan Black, Elizabeth Moss de Mad Men e Robin Right de House of Cards.

Na história dos 67 anos do Emmy Awards somente atrizes brancas levaram este prêmio. Mulheres negras só tinham ganhado em categorias de comédia e minissérie, por exemplo.

Em seu discurso de agradecimento, Viola lembrou outras atrizes negras que ganharam e disputaram prêmios — e foram, muitas vezes, preteridas pela indústria do entretenimento.

"Na minha mente, eu vejo uma linha. E sobre essa linha que eu vejo campos verdes e flores lindas e belas mulheres brancas com seus braços esticados para fora sobre essa linha. Mas eu não consigo chegar lá, não sei porque. Eu não consigo superar essa linha. Harriet Tubman disse isso em 1800", lembrou, ao começar seu discurso de agradecimento.

E continuou...

"Não posso porque eu sou negro"

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Eu tenho um paciente negro, de 8 anos, que é absurdamente inteligente. De família pobre, sua mãe, igualmente inteligente, fez, por conta própria, a árvore genealógica da família, de forma organizada, num caderno, cheio colagens e o mostrou durante a consulta.

Acontece que, há 4 gerações, o avô do avô dela era escravo. Logo após a abolição da escravatura, ele foi expulso da fazenda onde trabalhava por ser velho demais e acabou morando na rua, com uma família de 4 pessoas, até morrer de tuberculose.

O pai do avô dela, seu filho, teve que sustentar a família fazendo bicos e cometendo pequenos delitos, de forma que foi preso logo após engravidar a mãe do avô dela, dando origem, claro, ao avô dela.

Esse avô nasceu já sem pai, pois o mesmo faleceu na prisão, quando ele tinha 8 anos de idade. Cresceu sem possibilidade de estudo, tendo que trabalhar desde muito novo, para sustentar a mãe e 3 irmãos mais novos, de outra relação da mãe. Essas 4 crianças ficaram sozinhas quando ele tinha 15 anos, após o falecimento dela. Trabalhando em fazendas, teve 5 filhos, o quinto, seu pai.

Ele nunca foi à escola, cresceu na fazenda e quando ser tornou homem feito, casou-se e teve 4 filhos, incluindo essa mãe. Ela também cresceu na fazenda e não teve chance de estudar. Hoje, faz faxinas e faz questão de que os filhos estudem.

- Você é muito inteligente. - disse eu ao garoto.
- Obrigado.
- Já sabe o que vai ser quando você crescer?

“Setembro Verde: Jovem Negro Vivo”

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Anistia Internacional estreia mostra multimídia sobre segurança pública e violência contra a juventude em São Paulo

O espaço Matilha Cultural em São Paulo será a segunda casa da Anistia Internacional no Brasil durante os meses de setembro e outubro. A organização, que tem sede no Rio de Janeiro, ocupará a Matilha Cultural, no centro da capital paulista, com a mostra “Setembro Verde: Jovem Negro Vivo” a partir do dia 22. Com exposição visual, ciclo de debates e programação de cinema, a iniciativa gratuita vai promover a campanha na maior cidade do país para romper com a indiferença da sociedade a respeito dos altos índices de homicídios, em especial entre os jovens negros.

De acordo com o Mapa da Violência 2012, dos 56 mil assassinatos registrados no país, 30 mil são de jovens entre 15 e 29 anos. Destes, 77% são negros. 

Para aprofundar o debate, a Anistia Internacional lançou no início de agosto uma pesquisa sobre a homicídios cometidos pela Polícia Militar, em especial no Rio de Janeiro. Nos últimos cinco anos, homicídios decorrentes de intervenção policial corresponderam em média a 16% do total de assassinatos na capital fluminense.


A mobilização pela campanha Jovem Negro Vivo em São Paulo acontece em meio às investigações sobre o envolvimento de policiais militares na chacina que vitimou 19 pessoas em Osasco no mês passado, e em um contexto de aumento das mortes praticadas por policiais no Estado. De acordo com dados da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, o número de pessoas mortas por policiais em serviço no estado aumentou 105% entre 2013 e 2014, saltando de 346 para 708 óbitos. Somente no primeiro semestre de 2015, foram 358 pessoas mortas pela polícia, um aumento de 9,8% comparado ao mesmo período de 2014.

“A crença de que vivemos uma ‘guerra às drogas’ e que matar ‘traficantes’ faz parte desse combate tem sido usada como justificativa para uma polícia que faz uso excessivo, desnecessário e arbitrário da força, com frequência inaceitável da força letal. Nessa dinâmica, o grupo social mais atingido é o de jovens negros moradores de favelas e periferias”, alerta Atila Roque, Diretor Executivo da Anistia Internacional. “A política de segurança pública não deve ser incompatível com o respeito à vida”.

Entre os parceiros da ocupação Jovem Negro Vivo na Matilha Cultural estão organizações e movimentos que atuam na agenda de segurança pública e juventude como Mães de Maio, Ação Educativa, Conectas, Instituto Sou da Paz e Justiça Global.

Programação completa aqui.


Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa

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Até quando Emicida vai cantar sozinho contra o racismo?

Leandro Roque de Oliveira, o Emicida, é um artista conectado com o espírito do tempo. Nas várias entrevistas que deu para divulgar o novo trabalho, “Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos  e Lições de Casa”, o rapper mostra uma contundência de discurso que está faltando entre os outros artistas negros da MPB.

"Para mim, o racismo é o tema mais urgente hoje no Brasil”, disse em entrevista à BBC Brasil. O tema é discutido na música “Boa Esperança”, que mostra uma violenta rebelião de empregados domésticos contra patrões ricos e exploradores. Apesar de tocar em uma ferida que muitos evitam, a música, com versos pesados como “Cês diz que nosso pau é grande, espera até ver nosso ódio”, ganhou o Prêmio Multishow 2015 na categoria melhor clipe.

O ativismo de Emicida passaria batido se ele fosse só mais um rapper de gueto, mas o rapaz é pop. Ele já apareceu no Ratinho, foi entrevistado pela Angélica no programa Estrelas, esteve umas trocentas vezes no Esquenta e fez parcerias com o funkeiro ostentação Mc Guimê. No último disco fez parcerias com Vanessa da Matta e Caetano Veloso.

Ele está naquele estágio da carreira onde artistas tergiversam quando se deparam com assuntos espinhosos. Ao invés disso, afirma-se como a antítese das “celebridades” que postam hashtags ou fotos  com o semblante enfezado nas redes sociais e se dizem revoltadas com o racismo.

Não bastasse a contundência, o discurso de Emicida tem conteúdo. Leitor compulsivo, cita escritores como o moçambicano Mia Couto, a nigeriana Chimamanda Adichie e o cubano Carlos Moore. Entrecortadas por gírias, as influências juntam-se à experiência de vida e aparecem em depoimentos como este, dado à BBC:

Festival Latinidades debate protagonismo da mulher negra no cinema

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Elza Soares
O Festival Latinidades, acontece em Brasília desde 2008 para comemorar o Dia da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, que é celebrado em 25 de julho.

Neste ano, o festival começa amanhã, quarta-feira, dia 22, e vai até domingo, dia 26, no Cine Brasília com o tema o Cinema Negro. A ideia é debater o protagonismo e a representação das mulheres negras em filmes.

Para divulgar evento foi feito um anúncio oferecia uma vaga para uma atriz negra para o papel de empregada. Quando a interessada ligava ouvia a seguinte gravação.

- ”Alô, o anúncio que você ouviu é fictício e faz parte da campanha do Festival Latinidades. Se você teve interesse pelo papel, gostaríamos de te convidar para o festival, um evento que vai discutir o papel da mulher negra no cinema e na sociedade. Se você achou isso um absurdo, junte-se a nós. “

A coordenadora de atividades formativas, Bruna Pereira, explica o objetivo da ação:

- “A gente fez uma campanha para justamente trabalhar a representação social das mulheres negras e da forma como somos hegemonicamente no cinema, que é como mulheres negras ou escravas. A ideia foi trabalhar a partir desta imagem para questioná-la”.

Segundo Bruna, o Latinidades quer debater também o papel da mulher negra em outras funções no cinema, como diretora e roteirista, por exemplo. A extensa programação conta com convidadas de outros países.

“Nós temos gente da França, da Colômbia, dos Estados Unidos e de Cuba. Um dos destaques do festival que diferencia de outros eventos é a existência de mesas de debate".

No Latinidades também haverá sessões de filmes, uma conferência, shows e muitas atividades artísticas “.

Toda a programação do festival está disponível no site

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