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Descalço sobre a terra vermelha

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O bispo catalão Dom Pedro Casaldáliga será homenageado no Centro Cultural São Paulo (CCSP).

Religioso católico é conhecido pela defesa das populações indígenas no Mato Grosso.

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O bispo catalão Dom Pedro Casaldáliga será homenageado com uma exposição no Centro Cultural São Paulo (CCSP) desde ontem, dia 25 de janeiro. 

“Pere Casaldàliga, Profissão: Esperança” traz fotografias do espanhol Joan Guerrero que registram a vida e a obra do líder religioso no Brasil. A exposição é feita em parceria com a Associação Cultural Catalonia e a Casa América Catalunya.


Radicado no Brasil desde 1968, Casaldáliga ficou conhecido por sua atuação em defesa dos povos indígenas e da reforma agrária. Em 1971, tornou-se bispo da cidade de São Félix do Araguaia, no Mato Grosso. No mesmo ano, ele divulgou o texto “Uma Igreja da Amazônia em conflito com o latifúndio e a marginalização social”, importante documento para a resistência à ditadura militar.

Na luta pelo reconhecimento dos direitos indígenas, ajudou a fundar o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) na década de 1970. Além disso, Casaldáliga teve participação na criação da Comissão Pastoral da Terra (CPT).

A vida do bispo é retratada no filme “Descalço sobre a terra vermelha”, de Oriol Ferrer, exibido dia 26 no CCSP em uma sessão seguida por debate com o produtor Paco Escribano. A obra, baseada no livro homônimo, de autoria de Francesc Escribano, é uma coprodução da TV Brasil com mais duas televisões públicas, a espanhola TVE e a catalã TVC.

Ao falar sobre a importância do trabalho do bispo, a curadora Marta Nin, subdiretora da Casa América Catalunya, ressalta que Casaldáliga se colocou em risco várias vezes, já sofrendo até tentativas de assassinato. “Ele deu dignidade, força e esperança a uma população maltratada pelas dinâmicas capitalistas, neoliberais e vorazes que existem há mais de cinquenta anos no Mato Grosso”, completa.

Tiradas em julho de 2011, as fotos de Guerrero são acompanhadas também por trechos de cartas, poemas e textos pastorais de autoria do bispo. 

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Imagens: Joan Guerrero 

A Rosa Revolucionária

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"Há 98 anos morria Rosa Luxemburgo, com apenas 48 anos de idade. 

Ela foi sequestrada e assassinada por milícias paramilitares de direita, com a cumplicidade do governo social-democrata de Ebert, no dia 15 de janeiro de 1919. Após o brutal assassinato, os algozes de Rosa jogaram seu cadáver no Canal Landwehrs, em Berlim, onde só foi localizado no dia 31 de maio, em total estado de decomposição. Seu cortejo fúnebre, realizado em junho daquele ano, se transformou numa manifestação política e foi acompanhado de grande multidão, especialmente composta de trabalhadores.


Nos meses seguintes ao seu assassinato (e de outras lideranças revolucionárias importantes, tais como Karl Liebknecht e Leo Jogiches) uma onda de violência se seguiu, culminando numa carnificina que resultou na morte de mais de cinco mil militantes da esquerda comunista, prenúncio do nazifascismo que estava sendo gestado no seio da sociedade alemã do entre guerras, atravessada pelo dilema histórico da revolução/contra revolução. Na véspera de sua morte, Rosa Luxemburgo publicou um texto que pode ser considerado seu testamento político e intelectual, aonde, dentre outras coisas, ela afirma o seguinte: "Dessa contradição, numa fase inicial do desenvolvimento revolucionário, entre o agravamento da tarefa e a falta de condições prévias para a sua solução, resulta que as lutas isoladas da revolução acabem formalmente em derrota. Mas a revolução é a única forma de 'guerra' - esta é também uma de suas peculiares leis vitais - em que a vitória final só pode ser preparada por uma série de 'derrotas'!


O que nos mostra toda a história das revoluções modernas e do socialismo? A primeira labareda da luta de classes na Europa, a rebelião dos tecelões de seda de Lyon em 1831, terminou com uma pesada derrota; o movimento cartista na Inglaterra - com uma derrota. O levante do proletariado parisiense nas jornadas de junho de 1848 acabou numa derrota esmagadora.  A Comuna de Paris terminou com uma derrota terrível. O caminho do socialismo - levando em consideração as lutas revolucionárias - está inteiramente pavimentado de derrotas. E, no entanto, essa mesma história leva irresistivelmente, passo a passo, à vitória final! Onde estaríamos nós hoje sem essas 'derrotas' das quais extraímos experiências históricas, conhecimento, poder, idealismo? (...) 

Contudo, com uma condição! É preciso perguntar em que condições cada derrota se deu: se resultou do fato de que a energia bélica das massas, avançando, se chocou contra a falta de maturidade das condições históricas prévias, ou se a própria ação revolucionária foi paralisada por meias medidas, indecisões, fraquezas internas."

Passados quase um século de sua trágica morte, a obra teórica e o exemplo da revolucionária internacionalista permanece, mais do que nunca, atual. 

Rosa Luxemburgo, a vermelha: presente, sempre!".

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Do FASUBRA SINDICAL

Estado cria ilusão de que, se você é pobre, a culpa é sua

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Eu, Daniel Blake.

Ken Loach: Estado cria ilusão de que, se você é pobre, a culpa é sua.

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O filme Eu, Daniel Blake, que estreia nesta quinta-feira nos cinemas do Brasil, é a história de um homem bom abandonado por um sistema mau. Um trabalhador honrado sofre um ataque do coração que o condena ao repouso. Sem renda, solicita apoio do Estado e se vê enroscado em uma cruel espiral burocrática. Esperas absurdas ao telefone, entrevistas humilhantes, formulários estúpidos, funcionários desprovidos de empatia por causa do sistema. Kafka nos anos de austeridade.

Nessa espiral desumanizadora Daniel encontra Katie, mãe solteira de dois filhos, obrigada a se mudar para Newcastle porque o sistema diz que não há lugar para alojá-los em Londres, uma cidade com 10.000 moradias vazias. Daniel se torna um pai para Katie e um avô para as crianças. A humanidade que demonstram realça a indignidade do monstro que os condena. Aí está, como terão reconhecido seus fiéis, o toque de Ken Loach..

Seu cinema sempre esteve do lado dos menos favorecidos e, aos 80 anos, a realidade continua lhe dando argumentos para permanecer atrás das câmeras. Eu, Daniel Blake, Palma de Ouro no último festival de Cannes (a segunda de Loach), é um filme espartano. Não precisa de piruetas para comover. A história foi escrita pelo amigo e roteirista Paul Laverty, depois de percorrer bancos de alimentos, centros de emprego e outros cenários trágicos do Reino Unido de hoje, onde conheceu muitos daniels e katies. A realidade de Loach (Nuneaton, 1936) está lá fora para quem quiser vê-la. Mas, em um mundo imune aos dados, a emoção que o cineasta mobiliza para contar essa realidade se revela mais valiosa que nunca. Recebeu o EL PAÍS em seu escritório no Soho londrino.

Uma solidão de Cem Anos completando Cinquenta

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Aos 50, 'Cem Anos de Solidão' terá leitura coletiva na Colômbia. 20 pessoas serão convocadas para leitura coletiva que vai celebrar os 50 anos da obra clássica.

Clássico de García Márquez foi publicado pela primeira vez em 1967, com pequena tiragem. História chegou a 30 milhões de pessoas em 35 idiomas.

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Durante três dias, de 26 a 28 deste mês, 60 pessoas se reunirão em Cartagena das Índias, na Colômbia, para uma leitura coletiva de trechos de Cem Anos de Solidão, o clássico de Gabriel García Márquez, cuja publicação está completando meio século. Vinte serão escolhidas por meio de uma convocação pública.

Os interessados em fazer parte desse grupo, ao lado de escritores convidados, deverão contar aos organizadores qual é sua principal recordação vinculada à leitura do livro do escritor colombiano. A convocação estará aberta a partir da próxima segunda-feira (9) – as consideradas 20 melhores serão selecionadas e anunciadas, no dia 13, no site da Fundação Gabriel García Márquez para o Novo Jornalismo Ibero-americano (FNPI, na sigla em espanhol). 

"Meio século transcorreu desde o dia em que Gabo e Mercedes (Barcha, mulher do escritor) foram ao correio na Cidade do México com um pacote de 590 cuartillas (o equivalente, aqui, a laudas, papéis com espaço definido) escritas em máquina. O destino: Buenos Aires, Argentina; o conteúdo: 'um vallenato de 350 páginas' ou, como se conheceria mais tarde, Cem Anos de Solidão", diz a FNPI – vallenato é um gênero musical popular. A entidade acrescenta que, nesse período, a história de Macondo, a cidade criada por Gabo, e da família Buendía chegou a mais de 30 milhões de pessoas em 35 idiomas.

Organizado pela fundação e pelo Hay Festival, o evento chama-se "O prazer de ler Cem Anos de Solidão", com apoio da Câmara de Comércio de Cartagena e do Ministério das Relações Exteriores da Colômbia. A leitura será feita na Casa do Marquês de Valdehoyos, uma mansão construída em 1765 no centro histórico da cidade, hoje pertencente à Chancelaria, citada na obra de Gabo e usada como cenário em filmes. A leitura integra a programação da 12ª edição do Hay Festival Cartagena das Índias, com eventos de literatura, música, jornalismo, cinema e outros temas.

Nascido em Aracataca, a mais de 200 quilômetros de Cartagena, García Márquez completaria 90 anos em março. Ele morreu em 2014, aos 87. Em 1982, ganhou o Prêmio Nobel de Literatura.

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1903: Primeiro faroeste no cinema

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O inventor americano Thomas Alva Edison foi o primeiro a fazer experimentos com imagens em movimento. Na Europa, os irmãos Auguste e Louis Lumière criaram a câmera de vídeo e, em dezembro de 1895, promoveram a primeira sessão pública, em Paris, com a exibição de dez filmes. A sucessão de imagens projetadas na tela contava histórias: era o nascimento do cinema.

Por serem mudos, os primeiros filmes podiam ser vistos em qualquer parte do mundo. Em pouco tempo, a invenção europeia conquistou o Novo Mundo.

Enredo rudimentar

As cópias eram feitas no laboratório de Thomas Edison, onde trabalhava um certo Edwin S. Porter. O assistente de laboratório sabia editar fitas e manejar câmeras. Além disso, e o mais importante, possuía talento. Sua ambição era produzir um filme próprio, um filme norte-americano. No começo de dezembro de 1903, estreou, então, The Great Train Robbery (O Grande Roubo do Trem).

Sabine Gottgetreu, do Instituto de Ciências de Teatro, Cinema e Televisão de Colônia, conta que o filme tem entre nove e onze minutos, dependendo da versão. Apesar de rudimentar, narra uma história.

Porter retratou um acontecimento que todo americano podia entender naquela época. A ferrovia, que estava se instalando de leste a oeste do país, era uma questão de honra dos Estados Unidos no final do século 19. Não só transportava tudo o que fosse importante, mas também era o alvo preferido dos gângsteres. Ladrões como Jesse James, Sam Bass e Bill Doolin foram os personagens da história criminal na década de 1870.

"Happy end"

Agora, o público podia ver o que antes lia no jornal. Um bando de ladrões domina um chefe de estação, para o trem, rouba os passageiros e some. Mas não podia faltar um final feliz. A gangue foi cercada num bosque e presa.

Já nos seus primórdios, o faroeste incluiu personagens e elementos inconfundíveis: caubóis, cavalos, mulheres de saloon e muita natureza. Os nomes dos atores deste novo gênero que aí se iniciou, entretanto, não foram mais resgatados, pois o filme não tinha legenda nem caracteres. O cinema em si fascinava tanto que não precisava de estrelas, conclui Sabine Gottgetreu.

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Fonte: Ópera Mundi

Trotsky: a revolução começa na escola

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Vocês acreditam em sincronicidade? Eu acredito muito. E eis que estava pesquisando no youtube uns filminhos para a seção Cine Morena do blog, quando me deparo com esta comédia canadense de 2009, cujo título parece incrivelmente profético no Brasil atual. É a hilária vida do garoto Leon Bronstein, de 17 anos, no último ano do colegial em Montreal. Leon acredita ser a reencarnação do revolucionário russo de quem é homônimo: ninguém menos que o comandante do Exército Vermelho, Leon Trotsky.


Filho de industrial, a primeira ação de Leon é organizar uma greve de fome dos trabalhadores da fábrica do pai, a quem chama “fascista”. Mas é um filme canadense, né? Ninguém espere que o pai do menino seja tão reaça assim: ele passa a ler a autobiografia de Trotsky para compreender melhor o filho, que segue esquematicamente todos os passos do revolucionário. Enquanto procura, um por um, os Vladimir Ulyanov que aparecem nas listas telefônicas do Canadá, para encontrar o seu Lenin.

Bem, como “castigo” pela agitação política, o pai de Leon o manda para a escola pública. Castigo que ele, é claro, adora. Na escola pública, o desafio de Leon Bronstein é descobrir se sua geração é vítima do tédio ou da apatia. Se for tédio, ele diz que ainda há cura…

Tem muitas citações, desde o livro A Revolução dos Bichos, de George Orwell, até a clássica cena da escadaria de O Encouraçado Potemkin, de Sergei Eisenstein. Muito bom, assistam. Só achei a versão dublada. 

Será que alguém exibiu para os garotos/as nas ocupações?


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Não venhas!

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Carolina Noémia Abranches de Sousa. 

Conta a lenda, verdadeira, que ela só precisou escrever 46 poemas para tornar-se reconhecidamente a “mãe dos poetas moçambicanos".

Noémia de Sousa colaborou com “O Brado Africano”, jornal da resistência, durante três anos, de 1948 a 1951; do esforço nasceu inspiração para a densa poesia. Nunca mais versejou.

A mulher incansável que cresceu em um ambiente de reivindicação, que militava de dia e distribuía panfletos à noite com João Mendes, que escrevera cartas subversivas, que redigira artigos cortados pela Censura, que conspirava, não escapou a um processo que a condenou à prisão.

Refugiou-se em Lisboa com a “geração da utopia” sondando as independências. Circulou com a nata da intelectualidade africana em Portugal até ser perseguida pela ditadura e optar por novo exílio, desta vez na França.

Com uma filha às costas, Virginia Soares (Gina), saltou a fronteira, galgou os Pirinéus e alcançou a liberdade. Estava casada, desde 1962, com o poeta Gualter Soares.

Nunca deixou a vida a levar como quisesse, lutou muito. Em 1973 retornou a Portugal, para ocupar uma vaga de trabalho na Reuters. Não sabia que a Revolução estava batendo à porta, com cravos.

Trinta e três anos depois de deixar Moçambique, retornou à casa materna. Foi um reencontro inundado em lágrimas, tudo faltava no país naqueles anos 1980. Dedicou um verso àsua fé no futuro:
“Um dia o sol inundará a vida e será como uma nova infância raiando para todos”.

Noémia de Sousa, contam os íntimos, fazia feijoada e sarau de Carlos Drummond de Andrade, em uma brasileirice que adotou com gosto.

Finalmente seus poemas, reunidos no livro “Sangue Negro”, chegam ao Brasil em belíssima edição da Kapulana Editora, com ilustração de Mariana Fujisawa, que, além de letras na USP, estudou na Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo, Moçambique, em 2014. Ilustrou livros da série “Vozes da África”, da Editora Kapulana.

Sankofa: Memória da Escravidão na África

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Mostra lança olhar sobre locais de memória do tráfico de escravos.

Uma viagem afetiva do fotógrafo e designer gráfico Cesar Fraga por nove países africanos resultou em uma exposição inédita que lança um novo olhar sobre os lugares de memória do tráfico de escravos para o Brasil. A mostra Sankofa: Memória da Escravidão na África, aberta ontem (18), na Caixa Cultural Rio de Janeiro, apresenta um total de 250 itens, incluindo 54 fotos, totens multimídia, textos com descrições dos países visitados e recursos de interatividade e é resultado da viagem do fotógrafo César Fraga por nove países africanos.

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A curiosidade pelos fatos que antecederam a história da escravidão e o fascínio em relação às proximidades culturais entre o Brasil e os países africanos que comercializavam escravos foram os fios condutores que levaram César Fraga à expedição, na qual investigou as próprias origens. O fotógrafo e designer é bisneto de uma beneficiária da Lei do Ventre Livre, que libertava os filhos das mulheres escravas nascidos a partir de 1871, quando essa legislação pré-abolicionista foi aprovada.

Durante um ano sabático na África do Sul, ele percebeu a necessidade de dar sua contribuição para encurtar a distância cultural que separa o Brasil do continente africano. As fotografias que integram a exposição foram publicadas no livro Do Outro Lado, resultado da expedição de Fraga, que documenta a cultura e o cotidiano das localidades visitadas e, por vezes, sua correlação próxima com os costumes brasileiros.

A ideia é de a literatura iluminar o mundo, nem que seja o nosso pequeno mundo

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Luis Fernando Verissimo.

"Matei' tanto alemão e japonês enquanto brincava que o pai me levou ao médico. Acho que por isso sou pacifista até hoje".

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Com mais de 70 livros publicados, entre romances, novelas, crônicas, contos e cartuns, o escritor, cronista, jornalista, desenhista, saxofonista, torcedor fanático do Internacional de Porto Alegre e filho de Érico Verissimo (1905-1975) Luis Fernando Verissimo completou 80 anos em 26 de setembro. 

"O escritor tem de acender uma luz na escuridão, que é a própria dualidade humana""O escritor tem de acender uma luz na escuridão, que é a própria dualidade humana" O aniversário coincidiu com o lançamento de As Gêmeas de Moscou (Companhia das Letrinhas), que conta a história das irmãs Olga e Tatiana, idênticas na aparência e no gosto pelo balé. Mais talentosa, porém arrogante, Olga vive um episódio marcante que vai mudar seu jeito de ser.

Outro lançamento é Verissimas (Editora Objetiva), antologia de frases de obras de Verissimo garimpadas pelo publicitário e jornalista Marcelo Dunlop. "Essa é mais uma coisa que acontece comigo sem minha iniciativa. Nem vi ainda as frases que ele selecionou. Se não gostarem, reclamem com o Marcelo", diz, com seu jeito tímido carregado de humor. "A vida foi acontecendo. Por isso não tenho nenhum plano para os próximos 80 anos. A minha grande vocação, mesmo, é para me aposentar. É sério. Acho que se eu parasse de escrever, não faria falta."

Sua carreira é dedicada a retratar situações nem sempre engraçadas que fazem o leitor rir. Como quando fala da morte ou das "DRs" entre casais. "Discutir a relação é tema que interessa. Um dos protótipos que temos à mão; encontros, desencontros, bem aproveitados." Não é por acaso que figura entre os autores brasileiros mais lidos no mundo, apreciado por leitores de todas as idades, até mesmo do público que ele agora brinda com as Gêmeas. "Nunca escrevi um livro especificamente para o público infantil. É difícil escrever para criança, acertar o ponto entre ser acessível sem ser condescendente."

O Brasil e a “alucinação negativa”

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Nestes tempo de golpe de estado no Brasil as conversas podem ficar muito difíceis. Amizades podem virar pó de uma hora para outra. Conheço inúmeros casos.

Comigo também se passou algo parecido. Um amigo – ou ex-amigo, nesta altura – virou um anti-petista ferrenho, o que é, convenhamos, um direito dele. Ele já era de direita, o que também é um direito dele. Mas extrapolou.

Acontece que diante de afirmações como a de que “mas durante os governos de Lula e Dilma a situação dos pobres melhorou, a miséria diminuiu, o padrão de vida dos trabalhadores assalariados subiu, etc.”, ele passou a reagir raivosamente: “é tudo mentira”. “Nada disto aconteceu”.

Um dos problemas aí é que tal reação chama de mentirosos não só Lula, Dilma, o PT, os petistas, e eu de quebra, mas também a ONU, a OEA, a OIT, a UNESCO, a FAO, boa parte da União Europeia, a Itália, que recentemente adotou um projeto do tipo Bolsa Família, economistas indianos, a OCDE, além do IBGE, naturalmente, e etc.

O outro problema é que isto é repetido ad nauseam pelo exército de coxinhas e paneleiras(os) que infesta as ruas e nossos ouvidos de vez em quando (andam mais discretos, aliás…), além dos arautos do antipetismo distribuídos pela mídia conservadora, quando não estão ocupados em obter os vazamentos seletivos de quanta operação seja urdida por promotores que se arvoram a juízes, juízes que se adoram promotores e policiais federais que se arvoram a promotores e juízes.

Mutatis mutandis, isto me lembra o comportamento de gente que até hoje nega o Holocausto, por exemplo. Ou então a entrevista recente dada pela ex-secretária (foto) de Joseph Goebbels, hoje com 105 anos (!) e a única sobrevivente do círculo próximo do Führer. Nela, a entrevistada afirma , sobre os crimes genocidas dos nazistas, que “não sabia de nada”, que só datilografava o tempo inteiro. A provecta senhora que me desculpe, com todo o respeito, mas é mais fácil acreditar que ela simplesmente não queria saber de nada desde sempre. Posto que ela até se recorda do estranho sumiço de amiga judia. Sé depois da guerra ela ficou sabendo que esta pessoa fora levada para Auschwitz. O mesmo aconteceu e acontece com gente que até hoje nega que tenha havido tortura no Brasil durante o regime civil-militar de 1964. Ou os que o querem de volta, embora haja os que querem que ele volte com tortura e tudo.

Curioso, perguntei a um outro amigo meu, psicanalista, como se poderia chamar esta atitude de negação contumaz da realidade. Ele me disse que há uma qualificação clássica na psicanálise que se chama de “alucinação negativa”, em que as pessoas que dela são objetos se negam a ver uma coisa – até mesmo objetos concretos, por vezes, ou a ouvir algo que não querem admitir. Pesquisando mais um pouco, deparei com experiências mostrando que esta “alucinação negativa” pode ser induzida até por hipnose que, no fundo, é o que a nossa mídia tradicional costuma praticar, seguindo a orientação famosa daquele mesmo Goebbels acima lembrado, de se mentir tanto até que a mentira vire verdade. É claro que é necessário um tipo de consentimento por parte do objeto de tal manipulação.

Marta Vieira da Silva: Construí minha carreira com base na insistência

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Embaixadora Mundial das Nações Unidas.

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Teimosia. Se existe uma palavra para descrever como cheguei até aqui, a palavra é teimosia. Claro, talento, dedicação e um ótimo aproveitamento das oportunidades que tive também fizeram a diferença. Mas, não fosse eu teimosa, minha carreira não teria nem começo...

Cheguei aos 30 anos com o currículo pesado. Jogo na Europa. Fui a primeira pessoa eleita como melhor jogadora do mundo cinco vezes, um recorde entre homens e mulheres igualado por Messi no ano passado. Sou a camisa 10 da Seleção Brasileira. Nas Copas do Mundo, sou a maior artilheira da história, com 15 gols – se eu marcar mais dois golzinhos em 2019, supero o Klose e lidero o ranking entre homens e mulheres. Os mais de cem (são 101, para ser mais precisa) tentos que marquei com a camisa amarelinha me colocam no topo da lista de artilheiros absolutos da Seleção – deixando no segundo lugar ninguém menos do que o Rei Pelé, o maior de todos. Meus pés estão na Calçada da Fama do Maracanã, e sou a primeira mulher a conquistar essa honra. Em 2010, a ONU me nomeou Embaixadora Mundial, título que carrego junto da missão de trabalhar pela valorização da mulher como forma de combate à pobreza.


Quem lê assim minhas conquistas, condensadas em um parágrafo, pensa que vivo um sonho. Pode até ser verdade, mas o caminho para chegar até aqui foi árduo. O esforço que fiz para chegar onde cheguei passa longe do campo pouco concreto dos sonhos.

A renda cidadã: uma saída viável da crise mundial

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"Pelo fato de alguém ser humano, tem direito a uma renda cidadã que lhe garanta uma vida digna, embora frugal". 

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A crise econômico-financeira de 2007-2008 estremeceu os fundamentos da economia capitalista (este é seu modo de produção) e o neoliberalismo (este é sua expressão política). A tese básica era dar primazia ao mercado, à livre iniciativa, à acumulação privada, a lógica da competição em detrimento da lógica da cooperação e  a um Estado mínimo. O lema em Wall Street de Nova York era: greed is good, traduzindo, a cobiça é boa. Quem olha numa perspectiva minimanente ética já podia saber que um sistema montado sobre um vício (cobiça) e não sobre uma virtude (bem comum), jamais poderia dar certo. Um dia irria implodir.

A implosão começou com a falência de um dos maiores bancos norte-americanos, o Lehman Brothers, levando todo o sistema bancário e financeiro numa incomensurável crise. Em poucos dias pulverizaram-se trilhões de dólares. Parecia o fim deste tipo de mundo. Oxalá fosse.

Curiosamente, os que desprezavam o Estado, reduzindo-o ao mínimo, tiveram que recorrer a ele, de joelhos e mãos juntas. Os bancos centrais dos Estados tiveram que despejar trilhões de dólares para salvar as instituições financeiras falidas. A máquina de fazer dinheiro rodava em máxima velocidade, dia e noite.

Houve como consequência da crise, até hoje ainda não superada, também entre nós,  a quebra de milhares de empresas e até de países como a Grécia com altíssimo grau de desemprego. Destruiram-se fortunas mas mais que tudo se criou um mar de sofrimento humano, suicídios e até de fome no mundo inteiro. Dados recentes referem que nos USA uma sobre sete pessoas passa fome. Imaginemos o resto do mundo.

Chocolate: o primeiro palhaço negro da França

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'Chocolate', dirigido por Roschdy Zem e interpretado por Omar Sy, refaz a trajetória de Rafael Padilla, morto em 1917.

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Chocolate foi a “estrela negra” das artes parisienses durante mais de duas décadas e o primeiro artista negro a ficar famoso na França. Baseado no livro do historiador francês Gérard Noiriel, o longa-metragem Chocolate, que resgata a história do de um escravo que encontra a fama e o esquecimento devido à cor de sua pele, estreia nesta quinta-feira (21) nos cinemas brasileiros.

Interpretado por Omar Sy, astro francês do filme Os Intocáveis, Chocolate foi o personagem mais famoso de Rafael Padilla, que nasceu em Cuba em 1868 e foi vendido como escravo ainda criança. Anos depois, ele consegue fugir e é encontrado nas docas por um palhaço que o coloca nas suas apresentações. De cativo, a trabalhador rural e mineiro, Rafael conhece o show biz e a glória em números feitos com o seu parceiro, o palhaço George Footit, interpretado pelo suíço James Thierrée, neto de Charlie Chaplin, que, além de ator, é também dançarino, acrobata e músico.

Juntos, eles faziam o público rir explorando estereótipos racistas predominantes na época. Piadas e humilhações impensáveis nos dias de hoje eram até então consideradas absolutamente aceitáveis e engraçadas: a caricatura do negro estúpido, macaco e a ideia de que mereciam apanhar quietos foram durante muito tempo os temas das esquetes feitas por Chocolate e Footit.

Depois se apresentarem para a elite e a burguesia francesa, Rafael começa a refletir sobre os papéis que fazia. “A história de Chocolate me tocou. Nascer escravo, fugir e se tornar um artista é um percurso inacreditável. Imagina a dose de coragem e trabalho que ele precisou ter para chegar lá. Achei igualmente interessante a história de sua chegada ao sucesso e de sua queda. Chocolate fazia rir através dos estereótipos que havia sobre os negros. Quando esses estereótipos começaram a ser questionados pela sociedade, as pessoas não o achavam mais engraçado. Isso foi bom para todas as vítimas de racismo, mas de uma certa forma, foi ruim para ele, e ele caiu no esquecimento.




O Faroeste Vermelho

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A mostra O Faroeste Vermelho exibe 17 filmes de western produzidos na União Soviética, na Ásia Central e na Alemanha Oriental ao longo do século XX. 


A filmografia rara e inédita no Brasil pode ser vista até domingo (17), na Caixa Cultural do Rio de Janeiro. São 17 filmes produzidos ao longo do século 20 em países do então bloco soviético, com as mesmas características do  western, gênero clássico do cinema norte-americano.

Com a colaboração de Ludmila Cvikova e Melissa van der Schoor, do Festival Internacional de Roterdã, a retrospectiva está organizada em torno das produções soviéticas da Mosfilm, os Indianerfilms da DEFA na Alemanha Oriental, e os longa-metragens da Ásia Central.

Inéditas em mostras no Brasil, entre as películas mais singulares e desconhecidas pelo público, destacam-se “O sol branco do deserto’ (Белое солнце пустыни), 1969, de Vladimir Motyl, que inverte ideologicamente a figura do cowboy do Velho Oeste para o soldado bolchevique do Leste Europeu; “Os Filhos do Grande Urso” (Die Söhne der großen Bärin), 1966, de Josef Mach, que coloca o indígena como protagonista em sua luta contra o avanço imperialista e desenvolvimentista norte-americano; além de “As papoilas vermelhas” do Issyk-Koul (Alye maki Issyk-Kulya), 1971, de Bolotbek Shamshiev; e “A sétima bala” (Sedmaya pulya), 1972, de Ali Khamraev.

Confira a programação completa e como chegar aqui.

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Caixa Cultural/EBC

Deu Brexit: Reino Unido vai sair da União Europeia. E agora, James?

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Digamos que o "…e agora, James?" seja uma paródia do famoso poema de Drummond, "E agora, José?"

Quem deve também estar feliz neste momento é a rainha Elizabeth II. Mas por um motivo diferente daquela dos demais felizes. Afinal, ela não governa, apenas reina.

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Depois da até certo ponto surpreendente vitória do Brexit, A Saída, no plebiscito de 23 de junho, esta é a pergunta que não quer calar. Mas respondê-la não é nada fácil.

Em primeiro lugar, porque de fato ninguém sabe o que vai acontecer. Em segundo, porque na semana que antecedeu o plebiscito um certo otimismo, que se revelou fantasioso, tomou conta de todas as frentes do "Ficar", das bolsas e mercados mundiais aos líderes do trabalhismo britânico. Este otimismo foi insuflado por pesquisas de intenção de voto que se revelaram também fantasiosas. Comecemos por aí.

As pesquisas e os efeitos colaterais
Durante semanas, a maioria das pesquisas dava uma vitória apertada para o "Sair". De repente, o quadro virou. O estopim foi o assassinato da deputada trabalhista Jo Cox por um extremista de direita. As pesquisas passaram a dar uma vitória apertada para o "Ficar". Alimentava esta visão também uma campanha mais agressiva do "Ficar" sobre as ameaças do "Sair", pondo em risco empregos, devido à retração econômica que a saída inevitavelmente traria.

Por quê? Porque a saída vai mexer na estrutura das exportações e importações do Reino Unido para o continente europeu. O Reino Unido perde a posição privilegiada de membro da União Europeia e terá de se submeter às regras, que podem ser incômodas, da Organização Mundial do Comércio.

O medo
O medo foi o fator preponderante em ambas as campanhas. Do lado do "Ficar", o medo da eventual tempestade financeira e econômica que o "Sair" traria. Deste lado, mobilizou-se o medo da invasão das "hordas bárbaras": refugiados da Síria, da África e do Oriente Médio, além de imigrantes do antigo Leste europeu, ameaçando empregos e o establishment da classe média, sobretudo britânica.

Se era isso que você queria, recebeu!

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Itamaraty: Ato de protesto em frente ao Itamaraty reforça paralisações no exterior.

Cerca de 250 servidores do Itamaraty participaram de manifestação realizada entre 16h e 18h, desta quinta-feira (23), em frente ao Itamaraty. No exterior, mais de cem postos atenderam à convocação de paralisação do Sindicato Nacional dos Servidores do Ministério das Relações Exteriores. 

O ato foi em protesto contra atrasos no auxílio moradia fora do país e corte na gratificação natalina e adicional de férias que acarretará perda salarial de, em média 40%. Os servidores reivindicam também reenquadramento e reajuste salarial no Brasil.

Em Brasília, assim como no exterior, aderiram ao protesto servidores das três carreiras do Serviço Exterior Brasileiro: assistente de chancelaria, diplomatas, oficiais de chancelaria.

Um estudo empreendido pelo sindicato para propor parâmetros remuneratórios revelou uma defasagem na comparação entre a remuneração dos servidores do Serviço Exterior Brasileiro (SEB) e de outras carreiras típicas de Estado, de em média, 28,48% no caso de assistente de chancelaria, 31,88% no caso de oficial de chancelaria e 7,11% no caso de diplomatas.

No exterior a questão é mais delicada em razão dos recorrentes atrasos do reembolso do auxílio moradia. Além disso, o corte da gratificação natalina, 13º da categoria, e das férias comunicado pelo Itamaraty podem agravar mais ainda a situação financeira dos servidores e familiares. Segundo o sindicato - SINDITAMARATY -, o ato de mobilização atingiu os seguintes postos:

- Embaixadas:
Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos), Argel (Argélia), Assunção (Paraguai), Atenas (Grécia), Belmopan (Belize), Bogotá (Colômbia) Bratislava (Eslováquia), Bucareste (Romênia), Buenos Aires (Argentina), Cairo (Egito), Castries (Santa Lucia), Cidade do Panamá (Panamá), Copenhague (Dinamarca), Dakar (Senegal), Estocolmo (Suécia), Genebra (Suíça) Georgetown (Guiana), Guatemala (República da Guatemala), Hanói (Vietña), Havana (Cuba), Helsinki (Finlândia), Jacarta (Indonésia), Katmandu (Nepal), Kuala Lumpur (Malásia), Lima (Peru), Liubliana (Eslovênia), Londres (Inglaterra), Luanda (Angola), Manila (Filipinas), Mascate (Omã), Montevidéu (Uruguai), Moscou (Rússia), Nairóbi (Quênia), Nova Déli (Índia), Oslo (Noruega), Paris (França), Pequim (China), Port of Spain (Trinidade e Tobago), Praga (República Checa), Quito (Equador), Ramalá (Palestina), Roma (Itália), Teerã (Iran), Tegucigalpa (Honduras), Tóquio (Japão), Tbilisi (Geórgia), Túnis (Tunísia), Vaticano, Viena (Áustria), Washington (Estados Unidos).

Ele só queria... Ver... Bichinhos

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Os cientistas não o levaram a sério.

Antonie van Leeuwenhoek não falava latim, não tinha estudos, e seus descobrimentos eram frutos da casualidade,

Antonie começou ensaiando combinações de lupas, para ver melhor a trama dos tecidos que vendia, e de lupa e lupa inventou o microscópio de quinhentas lentes capaz de ver, numa gota d'água, uma multidão de bichinhos que corriam a toda velocidade.

Esse mercador de tecidos descobriu, entre outras trivialidades, os glóbulos vermelhos, as bactérias, os espermatozoides, as leveduras, o ciclo vital das formigas, a vida sexual das pulgas e a anatomia dos aguilhões das abelhas.

Na mesma cidade, em Delft, haviam nascido, no mesmo mês do ano de 1.632, Antonie e Vermeer, o artista e pintor.

Vermeer perseguia as luzes que nas sombras se escondiam, e Antonie espiava os segredos de nossos mais diminutos parentes no reino deste mundo.

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Os Filhos dos Dias


A realidade não é o que é, e sim o que eu digo que ela é

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A fabricação da opinião pública.

De 1917 até 2016, não é mera coincidência.

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Em 1917, o presidente Woodrow Wilson anunciou que os Estados Unidos entrariam na Primeira Guerra Mundial.

Quatro meses e meio antes, Wilson tinha sido reeleito por ser o candidato da paz.

A opinião pública recebeu o seu discursos pacifistas e sua declaração de guerra com o mesmo entusiasmo. 

Edward Bernays foi o principal autor desse milagre.

Quando a guerra terminou, Bernays reconheceu publicamente que tinha sido inventadas as fotos e as histórias que acenderam o espírito bélico das massas. Esse êxito publicitário inaugurou uma carreira brilhante.

Bernays se transformou no assessor de vários presidentes e dos empresários mais poderosos do mundo.

- "A realidade não é o que é, e sim o que eu digo que ela é".

Assim, Bernays desenvolveu melhor que ninguém as técnicas modernas de manipulação coletiva, que empurram as pessoas para que comprem um sabonete ou uma guerra.

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Os Filhos dos Dias.
Eduardo Galeano





A dívida alheia

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A caça aos judeus e a conta palestina.

Em 1948 nasceu o Estado de Israel.

Poucos meses depois já havia mais de oitocentos mil palestinos expulsos, e mais de quinhentas aldeias demolidas.

Essas aldeias,onde cresciam as oliveiras, as figueiras, as amendoeiras e as árvores frutíferas, jazem sepultadas debaixo de autoestradas, centros comerciais e parques de diversões.

São mortas sem nomes.

O Comitê de nomes das novas autoridades rebatizou o mapa.

O que resta é pouca Palestina.

A implacável devoração do mapa invoca títulos de propriedade , generosamente outorgados pela Bíblia, e se justifica pelos dois mil anos de perseguição que o povo judeu sofreu.

A caça aos judeus foi, sempre, um costume europeu.

Mas, os palestinos pagam essa conta, que não é deles.

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Os Filhos dos Dias
Eduardo Galeano

Um alerta para quem consome: Oito multinacionais do chocolate que exploram crianças

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A produção de chocolate muitas vezes esconde uma verdade literalmente amarga. 

As multinacionais do chocolate ainda fazem uso da exploração do trabalho infantil para lucrarem tanto. Hoje em dia muitas crianças ainda são tratadas como escravas e forçadas a trabalhar em condições precárias. Em setembro de 2015, foi arquivado um processo contra algumas empresas bem famosas – entre as quais estão nomes conhecidos, como Mars e Nestlé – que, para a produção de seus chocolates, financiam o trabalho escravo de crianças na África Ocidental, de onde provêm dois terços do cacau utilizado no mundo. 

As ações judiciais contra as empresas foram impetradas pela Hagens Berman Sobol Shapiro, sustentando que as gigantes do chocolate tendem a fechar os olhos para as violações dos direitos humanos por parte dos fornecedores de cacau na África Ocidental, sem nenhum problema. Estas empresas enganam os consumidores, porque elas se apresentam como socialmente e eticamente responsáveis, quando na verdade sabem que o cultivo e a colheita de cacau têm lugar em condições desumanas. 

De acordo com um estudo realizado pela Universidade de Tulane, mencionado na denúncia, na Costa do Marfim, mais de 4 mil crianças estão em condições de trabalho forçado para a produção de cacau. Algumas crianças são vendidas para traficantes pelos seus pais desesperados por causa da pobreza, enquanto outras são sequestradas. Os comerciantes de escravos, por suas vezes, vendem as crianças para os donos das plantações de cacau. 

As crianças são forçadas a viver em lugares isolados, são ameaçadas com espancamentos, ficam presas inclusive durante a noite para que não fujam e são forçadas a trabalhar por longas horas, mesmo quando estão doentes, de acordo com as denúncias apresentadas às empresas. As crianças carregam sacolas tão grandes e pesadas, que as colocam em risco de ferimentos graves. A idade das crianças escravizadas varia de 11 a 16 anos, mas também pode haver crianças com idade inferior a 10 anos. 

Para aumentar a conscientização do consumidor, a Hagens Berman Sobol Shapiro publicou uma lista das empresas que exploram crianças para a produção de cacau e chocolate, para que os cidadãos preocupados com este problema possam evitar a compra de seus produtos. 

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